Postagem publicada originalmente na Modo de Usar & Co.
Jürgen Becker é um poeta, prosador e dramaturgo alemão, nascido na cidade de Colônia, a 10 de julho de 1932. O poeta cresceu em Erfurt, retornando a sua cidade natal para seus estudos de nível colegial. Entre 1959 e 1964, trabalhou na Westdeutschen Rundfunk (Radiodifusora Alemã Ocidental), e, entre 1964 e 1966, na editora Rowohlt. Em 1967, foi convidado a ler e então premiado pelo então-influente Grupo 47.
A partir de 1968, dedica-se exclusivamente à escrita. Jürgen Becker é membro do grupo P.E.N. alemão, da Academia das Artes de Berlim (Akademie der Künste Berlin) e da Academia Alemã para Língua e Poesia (Deutschen Akademie für Sprache und Dichtung), e recebeu ainda alguns dos prêmios mais prestigiosos da língua, como o Prêmio Peter Huchel (Peter-Huchel-Preis, 1994) e o Prêmio Heinrich Böll (Heinrich-Böll-Preis, 1995). O poeta vive nos arredores de Colônia.
Os três poemas abaixo foram traduzidos a pedido da Oficina de Literatura de Berlim (Literaturwerkstatt Berlin), para sua página de poesia vocalizada.
--- Ricardo Domeneck
§
POEMAS DE JÜRGEN BECKER
O que há por ser alcançado
A hora seguinte. Como se alguém fosse esperar. Mas
as obrigações não param, sobre os dejetos não queremos
nem falar.
Lá fora está claro bastante. Não se exigem
requisições nenhum assunto para o editorial; eu direi tudo
com bastante antecedência.
É realmente muito simples. De costas para a parede,
para a janela, para a tela, para a porta. Não traga nada,
agora a mesa ficará vazia.
(tradução de Ricardo Domeneck)
:
Was zu erreichen ist
Die nächste Stunde. Als würde man warten. Aber
die Beschäftigungen gehen weiter, von den Altlasten wollen wir
gar nicht erst reden.
Hell genug ist es draußen. Es bedarf keiner
Aufforderung kein Motiv für den Leitartikel; ich sag dir
alles früh genug.
Es ist wirklich ganz einfach. Mit dem Rücken zur Wand,
zum Fenster, zum Bildschirm, zur Tür. Nichts mitbringen,
der Tisch bleibt jetzt leer.
§
Chuva de verão. Noite negra. No canto
{à memória de Donald Barthelme}
Chuva de verão. Noite negra. No canto
de um obituário as datas disponíveis rabiscadas
que deram andamento à entrevista, a lembrança
de encontros de sonho, dos quais
nos prometêramos mais futuro.
A nova edição da New Yorker fica aberta.
O que significa futuro, quando a última conversa
deixa-se repetir eternamente na fita rotatória
e um necrológio fica dez anos em arquivo.
Verão de seca. A noite tão clara.
Uma viagem espera os preparativos. Tem-se
que atravessar o nevoeiro, do qual o branco
é tão branco quanto o luto chinês. Sem citações,
por favor. Assunto encerrado. Os campos de cevada
vazios, e lê-se que complicadas são as cidades.
(tradução de Ricardo Domeneck)
:
[Sommerregen. Schwarzer Abend. An den Rand]
In memoriam Donald Barthelme
Sommerregen. Schwarzer Abend. An den Rand
einer Todesmeldung gekritzelt die verfügbaren Daten,
die das Interview in Gang setzen, die Erinnerung
an entrückte Begegnungen, von denen
wir uns mehr Zukunft versprochen hatten.
Der neue New Yorker bleibt offen liegen.
Was heißt Zukunft, wenn sich das letzte Gespräch
per Bandschleife endlos wiederholen läßt
und ein Nachruf zehn Jahre liegt im Archiv.
Trockener Sommer. Der Abend ist hell.
Eine Reise ist vorzubereiten. Man muß
durch eine Nebelfront, deren Weiß so weiß
wie chinesische Trauer ist. Bitte keine Zitate.
Thema vom Tisch. Die Gerstenfelder sind leer,
und man liest, kompliziert sind die Städte.
§
Anel Viário
Ergo os olhos, a formação de grous
troca a base do seu V, a direção
do voo segue a mesma, a velocidade
não muda, alguns gritam, então gritam
outros, a formação distancia-se entre
as cidades que estão em silêncio no ar.
(tradução de Ricardo Domeneck)
:
Autobahnring
Hochblickend, die Kette der Kraniche,
sie wechselt gerade die Keilspitze aus,
die Flugrichtung bleibt, die Geschwindigkeit
ändert sich nicht, einige schreien, dann
schreien andere, die Kette entfernt sich zwischen
den Städten, die still sind in der Luft.
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