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quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Dois poemas recentes de Reuben da Cunha Rocha

Reuben da Cunha Rocha, ou cavaloDADA, ou o xamazenexu da poesia nata nos 80

Primeiro ouvi falar do senhor Cunha da Rocha por Fabiano Calixto, que recomendava publicarmos poemas do maranhense na Modo de Usar & Co. impressa. Eu poderia usar o atalho agora e dizer apenas: "O resto é História", pois desde então o xamazenexu (não procure no dicionário, pus as palavras na valise agora) da poesia nata nos 80 se tornou um dos maiores colaboradores da revista, com inúmeros artigos sobre poetas brasileiros, como Celso Borges (São Luís do Maranhão, 1959) e Cátia de França (João Pessoa, 1947), e traduções de estrangeiros como Allen Ginsberg (1926-1997), e.e. cummings (1893-1962) e Linton Kwesi Johnson (n. 1952).

No terceiro número impresso da revista, publicamos seu ensaio "Poesia inútil, poesia irrelevante?", fundamental para quem pensa hoje a poesia contemporânea e já disponível na franquia eletrônica. Vários poemas seus podem ser lidos por lá, assim como os artigos e traduções. Publico aqui, nesta série dedicada à poesia-nata-nos-80, dois poemas recentes do xamazenexu da década.


DOIS POEMAS RECENTES DE REUBEN DA CUNHA ROCHA (São Luís do Maranhão, 1984)


Reuben da Cunha Rocha / cavaloDADA : "Apokalypse Nau" (2014)

§


LOGO ACIMA DO SILÊNCIO DO ÍNDIO Q SE SUICIDA
o enforcado sonha em disparada desta atmosfera pesada p/ outros mistérios + esferas
logo acima
dos abacates suspensos podres 1tupi akira
vara a febre do mosquito galopa aflito p/1lugar longínquo + escapa
às tentativas de assassinato
vista multidimensional do universo
amplo ataque do enxame sobre o exército

dura a pedra dura a pétala dura o bicho cada qual cada vez cada séc.
é o arroto do raio o trovão na imaginação do cego
depósitos de mão
de obra pobre
p/ as impraticáveis
monoculturas currais + covas
chamadas de reservas
o país q em favor do capital opera criminosamente a transferência brutal de indígenas terras
a homens rudes c/ rostos ocultos sem qqr relação c/ elas
gira o sumo no seio da panela morde a língua entre toras de palmito nasce o fogo q nasce do atrito enqto aspiram os seus cachimbos magníficos nova forma de banzo embalada pela nau do desdém LIMITE DE EMBARQ: 1100

papo rente nas vielas tortuosas nas cabeças nas rasantes calçadas talagadas entraves + tragadas ferve o sumo nas veias transtornadas

sem convívio
sobrevoa o continente o vestígio
d1 animal q achava q era gente espíritos nativos represados fantasmas samurais entre os guarani-kaiowás a curva ascendente dos casos de suicídio
tendência > 20x + 
q entre os cidadãos brasileiros doutras classes sociais

ouve o rio
q ñ tem direção + q ñ anda a esmo
1000caminhos
entre a carne + o esqueleto corre o sangue avoado círculo ambíguo pragmático crespo lácteo mel ígneo magnético moro no olho q espelha 1velho espírito íntimo casa rua raiz campo fértil
microrganismo incisivo ligado respirando fundo + pelo mundo respirado 1calângo jubiloso + lânguido ágil réptil respirando fundo + indo à toda pela deslizante dentição da roda fétida
24h x 7
a mente vegetal prepara lenta a réplica
lépido radiante assalto à serra elétrica
p/ além do esgotamento q provém da ganância
suavidade p/ extirpar o veneno da vingança
nas entocas nas ferrugens do progresso
vai prudente
+ ñ se esquece
q a experiência é o +astuto mestre
+ a trilha longa em q caminha a luz dos corpos celestes
+ q só vamos saber o q é suficiente qdo soubermos o q é + q suficiente
na curva da cobra nos cornos do touro no couro
do tigre na pata
do elefante
percepções sutis na sombra de 1sutil caminhante
q desapareceu pq era agricultor + 1guardinha o confiscou = 1vil transeunte
relato q ele ouviu d1 pescador
da planta q depois do sol se pôr o ajudava a ver o mar brilhante
a vaga vaza + vai entre a enchente + a vazante

verdades estão além das certezas violência se vence c/ delicadeza equilibrismo dos pés em convictos barbantes grosseiros o sol calmo centro dentro vagueia atenção plena + inteira na linha descontínua d1 flecha fina q dissipa a espessa púrpura neblina + se dissemina c/ o coração à frente do caminho 1vivente insiste se afina no instante + amanhece
sem pino sem trava
sem tolice





quarta-feira, 11 de junho de 2014

Textos dos 3 autores já confirmados para o Festival Artes Vertentes 2014



Festival Artes Vertentes 2014 - Tiradentes, Minas Gerais 
- de 12 a 21 de setembro. 

Curadoria de literatura: Ricardo Domeneck. 
Direção artística: Luiz Gustavo Carvalho.

Já anunciadas as presenças do brasileiro Leonardo Fróes (n. 1941) e do ucraniano Andriy Lyubka (n. 1987). Confirmada hoje também a participação do maranhense Reuben da Cunha Rocha (n. 1984). Leia abaixo um poema de cada um dos autores. Os outros escritores, brasileiros e internacionais, serão anunciados ao longo dos próximos meses.




Aberto para os dedos de Deus
Leonardo Fróes

se eu fizer pelo menos a manhã começar
dos meus cabelos e tirar mais um pouco
da última fatia e não ficar lamentando
a primeira oportunidade perdida, e se eu não der
bola para os preconceitos que me reduzem até
eu mesmo achar que sendo um ser humano eu me explico
na complicação cósmica desses bagaços distantes
que são tão simples,
se eu realmente não puser mais o pé na fantasia
do dia que está à minha espera e represa
tantas demonologias ferozes que eu esqueço de olhar,
se eu não ficar completamente maluco
por isso e o desejo de cumprimentar
deus em pessoa.



§


[Essa mulher em seu banheiro, depilando-se]
Andriy Lyubka

Essa mulher em seu banheiro, depilando-se,
celebrará o vigésimo-quarto aniversário amanhã.
Talvez "celebrar" seja palavra ruidosa demais,
ela simplesmente telefonará para pai e mãe
e fará suas orações antes de ir para a cama.
Você não entende as orações, nem seus olhares misteriosos,
a língua que usa nos menus de seu telefone.
Vocês não estão predestinados a ficar juntos, e é melhor assim,
você diz para si mesmo: "é melhor assim".
Em momentos de ternura incomum, você diz
que acredita que eles não têm armas nucleares,
destruição em massa nenhuma, e sente-se um idiota.
E então você tem um sonho no qual o corpo dela
cheira a armas nucleares, como os desertos, as canções dos ciganos.
"Mas por que ciganos?", você se pergunta na manhã seguinte,
pena, não há resposta para esta pergunta. Você não sabe nada
sobre a infância dela, sobre o território em que recebeu sua 
              [educação em língua inglesa,
e por que exatamente ela escolheu você e não outro.
Vocês estão juntos há três semanas. E às vezes você examina 
              [o mapa-múndi,
avaliando a localização do Irã, seus vizinhos,
seus recursos, naturais e humanos.
Você considera que, com o passar do tempo, a compreenderá melhor.
Às vezes, você faz perguntas sobre o Irã, e promete a ela que visitarão 
             [o país juntos,
e ela ainda cheira a verão cigano e armas nucleares,
o deserto dela é entre vocês dois, a noite aproxima-se,
e ela está em seu banheiro, depilando-se.

(tradução de Ricardo Domeneck, a partir da tradução inglesa).

§


Praça do Sol às 3 da tarde
Reuben da Cunha Rocha

Praça do Sol às 3 da tarde
risca o fósforo do incendiário
Praça do Sol às 3 da tarde
abre as narinas p/ o fedor dos muros
Praça do Sol às 3 da tarde
esconde a senha dos holocaustos
Praça do Sol às 3 da tarde
enerva cada coração covarde
Praça do Sol às 3 da tarde
aponta os mísseis à glória
Praça do Sol às 3 da tarde
depila as tuas rameiras
Praça do Sol às 3 da tarde
apascenta teus ambulantes
Praça do Sol às 3 da tarde
despista o fumo dos policiais
Praça do Sol às 3 da tarde
oculta o raio do cego
Praça do Sol às 3 da tarde
acode o baque das ondas
Praça do Sol às 3 da tarde
distrai o tédio do pipoqueiro
Praça do Sol às 3 da tarde
loas ao biquíni túrgido
Praça do Sol às 3 da tarde
acorda a renca dos ventos
Praça do Sol às 3 da tarde
diz a gíria do guardador de carros
Praça do Sol às 3 da tarde
toma gosto c/ as empregadas
Praça do Sol às 3 da tarde
pendura a nuvem nos galhos
Praça do Sol às 3 da tarde
trocados ao vendedor de coco
Praça do Sol às 3 da tarde
ouvido ao reggae das bacantes
Praça do Sol às 3 da tarde
Praça do Sol às 3 da tarde
Praça do Sol às 3 da tarde 
devora a muvuca das gentes
cede teus bancos às fodas
legisla a rixa dos traficantes
senhora injuriada das trapaças
abre tuas pernas p/ os pivetes
engole o mijo da criança

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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Poemas de Reuben da Cunha Rocha


Reuben da Cunha Rocha é um poeta, artista visual e crítico brasileiro, nascido em São Luís do Maranhão a 28 de junho de 1984. Também assina cavaloDADA. Publicou o ensaio "Ficção-Verdade: fronteira semiótica na montagem narrativa de Valêncio Xavier", traduziu poetas norte-americanos como Allen Ginsberg, Bill Knott e Richard Brautigan, e colaborou textualmente com os xilógrafos Ana Calzavara e Fabrício Lopez no álbum Miragem no olho aceso (2013).

Texto de Reuben da Cunha Rocha/cavaloDADA em Miragem no olho aceso (2013).


Em 2012, apresentou-se em Nottingham, Inglaterra, com a performance CAIXAPREGO na Backlit Gallery, durante o World Event Young Artists.

Reuben da Cunha Rocha / cavaloDADA - "CAIXAPREGO" -
em apresentação na Backlit Gallery, 
Nottingham, Inglaterra, 2012.

Trabalha também com poesia visual, exemplo da qual seria sua série de "pixo transmídia", publicada na revista randomia.

Reuben da Cunha Rocha / cavaloDADA - "pixo transmídia"



Tem sido um colaborador contumaz da Modo de Usar & Co., com traduções e ensaios sobre e.e. cummings, Kenneth Rexroth, Cátia de França e Linton Kwesi Johnson. No terceiro número impresso da revista, publicou aquele que me parece um dos ensaios indispensáveis para o debate poético contemporâneo, "Poesia inútil, poesia irrelevante?", já publicado também aqui. Considero-o uma das forças mais positivas e impressionantes a surgir na poesia brasileira da novíssima geração. 

Reuben da Cunha Rocha, ou cavaloDADA, vive e trabalha em São Paulo, onde coedita a revista randomia e colabora com diversas outras publicações, entre elas a Modo de Usar & Co., para sorte de todos nós. O quarto número impresso da nossa revista, lançado no mês passado, traz dois poemas inéditos do autor.



POEMAS DE REUBEN DA CUNHA ROCHA (cavaloDADA)


Praça do Sol às 3 da tarde
risca o fósforo do incendiário
Praça do Sol às 3 da tarde
abre as narinas p/ o fedor dos muros
Praça do Sol às 3 da tarde
esconde a senha dos holocaustos
Praça do Sol às 3 da tarde
enerva cada coração covarde
Praça do Sol às 3 da tarde
aponta os mísseis à glória
Praça do Sol às 3 da tarde
depila as tuas rameiras
Praça do Sol às 3 da tarde
apascenta teus ambulantes
Praça do Sol às 3 da tarde
despista o fumo dos policiais
Praça do Sol às 3 da tarde
oculta o raio do cego
Praça do Sol às 3 da tarde
acode o baque das ondas
Praça do Sol às 3 da tarde
distrai o tédio do pipoqueiro
Praça do Sol às 3 da tarde
loas ao biquíni túrgido
Praça do Sol às 3 da tarde
acorda a renca dos ventos
Praça do Sol às 3 da tarde
diz a gíria do guardador de carros
Praça do Sol às 3 da tarde
toma gosto c/ as empregadas
Praça do Sol às 3 da tarde
pendura a nuvem nos galhos
Praça do Sol às 3 da tarde
trocados ao vendedor de coco
Praça do Sol às 3 da tarde
ouvido ao reggae das bacantes
Praça do Sol às 3 da tarde
Praça do Sol às 3 da tarde
Praça do Sol às 3 da tarde
devora a muvuca das gentes
cede teus bancos às fodas
legisla a rixa dos traficantes
senhora injuriada das trapaças
abre tuas pernas p/ os pivetes
engole o mijo da criança

§

perde os sapatos quando falo
esquece os sapatos
desfaz o embrulho do laço

tem 1atalho q dá na tua estrela
reviro os olhos no voo da abelha

aceso, teu nome
na cinza do skank
acolhe a saudade
nossa pena doce

minha febre é 1ataque de cócegas

o fofão q brinca c/ a criança
decifro antes de entender teu jeito
desse jeito tu dança
veloz e livre igual 1grilo

feliz e leve sou a terra toda
pequena cavalo do som

esquece os sapatos quando falo
perde os sapatos
desfaz o caroço do cadarço

§


Reuben da Cunha Rocha / cavaloDADA - "pixo transmídia"


§


teu cabelo de espuma
sol cabeça de coruja
estou pesado como as ondas
tua cabeleira no azul

é a segunda vez
q dás o ar da graça

a primeira: pássaro
em pleno pouso
no braço do vento
adubando o som no bar
dos maconheiros

a segunda:
o rosto desfeito
em luz difusa
revoltas o ego
n1 espasmo
dissipas o ego
governado
pelo medo

§

vem o cheiro da chuva: passa
o rasta faz sinal: o céu desaba
dispersa o baculejo na zona
o astronauta atravessa
a rua: pousa e passa
na raiz da árvore: ñ recua
da experiência mundo
se despega da perda: entra
     noutra história


(in Miragem no olho aceso)
 

§

 cavaloDADA + Tazio Zambi - "z de zero" (2013) 


§

A professora ensina a empalhar
personagens
operações universais, aplicáveis
ao trabalho de cada 1 dos presentes

A professora ñ acerta
ñ tem certeza
se me conhece doutro lugar
Quem dera estar
noutro lugar, quem dera enforcá-la
c/ a palavra corpus, usar
os dentes dela p/ triturar
a palavra objeto

Nada q vale a pena de ser lido
pode estar contido
na palavra objeto
quando 1texto está de pé
ñ vem c/ essa

São assim (p/ ficar nos gêneros clássicos)
a desobediência e o assalto a banco

Ó feiura estatística, sem amor
ou música das estudantes de Letras
acabadas feito Obras Completas

§




José Agrippino de Paula
salta bem em cima
d1 texto em progresso. Solta
pelos nas teclas
amassadas do teclado
do computador
em branco

Éguas, Agrippino! assim
seremos 2 a ficar carecas
digo p/ o gato
enquanto noto
meu próprio
pelo tomar conta
do ladrilho
branco

Noutro tempo
tínhamos 1gato
mas ñ se chamava
assim, José
Agrippino de Paula
, era a invenção
d1 poeta inglês
1q sempre desaparecia
à hora q queria
deixando p/ trás
pouco mais
q 1sorriso

Levanto
d1 txt em progresso
p/ abrir a janela
O vento, tlvz
1enciumado
poeta inglês
arrasta p/ si
nossos pelos e antes
q eu possa checar
se ñ terá levado
também as palavras
q abri na tela, tu

abre a porta
de casa, sacolas
nos braços
a sombra sozinha
da nuvem ilhada
no meio da água


§

TELEGRAMAS DA L.A.I.A.

1FABRICANTE DE PIANOS (SCHMIDT, DE ESTRASBURGO) CONSTRUIU A 1aGUILHOTINA. “SE ALGO EXISTE DE CERTO NESSA VIDA, SE A HISTÓRIA NOS ENSINA ALGUMA COISA, É Q SE PODE MATAR QQR1”. CUIDADO C/ O TRUQUE DO ELOGIO COMO FORMA DE CONVENCIMENTO

MESMO C/ 3DIAS DE ATRASO, A LEITURA DO JORNAL PERMANECE DESINTERESSANTE. LEGALIZE A FRUTA Q LAMBUZA. ABAIXO A CÓPIA AUTENTICADA. (TODO MUNDO SABE Q) A VIAGEM NO TEMPO ESTÁ COMPROVADA PELA PRESENÇA MACIÇA DE CABEÇAS DO SÉCULO RETRASADO NESTE

A TERRA É 1TAPETE VOADOR. 1CABEÇA Q CONVERSA É COMO 1UNIVERSO. O TELEJORNALISMO NOS DÁ VONTADE DE BATER C/ AS CABEÇAS NA PAREDE (Ñ AS NOSSAS CABEÇAS). E Ñ ADIANTA ALIVIAR C/ A TELENOVELA

A ÚNICA COISA PIOR Q 1GOVERNO É 1GOVERNISTA. O POLÍTICO CONSERVADOR PODERIA SE INSPIRAR NO ARTISTA CONSERVADOR E AO MENOS SE TORNAR INOFENSIVO. LEGALIZE O SOL ANTES DAS SEIS

NA CLASSIFICAÇÃO GERAL DE TUDO O Q É TRISTE
O PENSAMENTO POBRE PERDE
P/ O PENSAMENTO CONVENIENTE


(in As aventuras de cavaloDada em + realidades q canais de tv)

§

TESTE DE INDETERMINAÇÃO INDUZIDA


materiais: luz, ônibus, paisagem

dentro d1 ônibus, c/ destinação variável, posicione-se ao sol. A preferência é por horários em q a incidência de luz favoreça a formação de sombras a partir do exterior do veículo e por durações amplas, c/ razoável transformação de paisagem. (Desaconselha-se o verão.) Trânsito fluido (se ñ livre) facilita a experiência. Casas, prédios sem nenhuma coerência arquitetônica, árvores c/ folhagem de densidade variável, túneis, aviões e outras naves, nuvens, são voluntariamente derretidos durante o trajeto n1 único filtro de luz sobre a superfície dos corpos dentro do ônibus. A ambiência (grande tubo de metal, pneus dando esparro) dá 1ideia de caleidoscópio c/ pigarro, e a mutação das sombras destila suave lisergia


materiais: quadril, coxas, biblioteca

no interior da biblioteca, durante a leitura, prossiga n1a boa enquanto aguarda, sentado. A bateria de samba se posiciona no espaço contíguo à biblioteca (ou seja) no verso d1a parede próxima, q no modelo utilizado acompanha vasta área livre. A qqr momento a bateria dá início à música (q estimula quadril e coxas). Certifique-se de ñ fazer nada. Siga resolutamente a leitura, permitindo a quadril e coxas q pensem por si mesmos, estimulados pela dinâmica das vibrações. Em pouco tempo (espontaneamente) o corpo se empenha em mil posições na cadeira ocupada, beneficiando postura, respiração e humor


materiais: alimento sólido, caixa craniana

durante a explicação, mastigue. O tema discutido ñ altera o experimento, pois seu verdadeiro conteúdo é o desejo de ñ estar ali. “Ali” designa espaços variados: sala de aula, debate, reunião, importantes discursos. Importante também o conteúdo q se leva à boca, dando-se preferência aos crocantes, q amplificam a ação acústica produzida por maxilar, dentes e ouvido interno. (A depender do alimento escolhido recomenda-se acompanhamento médico.) O crânio desempenha o papel de caixa ressonante p/ seu portador (de efeito imperceptível p/ os circundantes) e solapa a fala externa


(in As aventuras de cavaloDada em + realidades q canais de tv)

§

Autorretrato enquanto retirante

p/ essa cidade
eu vim trazer
preguiça

gíria lânguida
“ñ perturbe”
no pórtico,
contrabando

pelo andar
da minha
rua (onde no
início a banca
de revistas
fechava qdo
muito aos
feriados
e hj ñ abre
+ p/ nada)
parece quase
certo q anda
tudo rente
ao plano

exceto claro
pelo amor
elétrico q
lanço a essa
zona
ambivalente
cidade
anômala

lépido
o amor q lhe
dedico
quase encalça
a pressa c/ q
me aplico
nos jornais
aos títulos
às listas
de 10+
e aos
retrospectos
de final
de ano

(Publicado originalmente aqui na franquia eletrônica da Modo de Usar & Co., na série de inéditos).

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sábado, 13 de julho de 2013

Reuben da Cunha Rocha - CAIXAPREGO/NAILBOX (Backlit Galery, WEYA - 2012)

 

"Me apresentei na Backlit Gallery, um espaço fora do centro de Nottingham, bastante propício. Um prédio cru, mal entrei e senti vontade de tirar os sapatos p/ sacar melhor. Foi um dos primeiros eventos do festival, no dia 7, fim da tarde. Tudo muito rápido, eu havia chegado na noite anterior e não dormira nada, entusiasmado como todos ligado até alta hora nos primeiros contatos. Só consegui entrar em foco na própria galeria, minutos antes de falar, o que contribuiu p/ que eu alcançasse um estado de fragilidade e entrega. Fui recebido pelo poeta Robin Vaugham-Williams, coordenador do programa de literatura. Um sujeito gentil, c/ quem tive as melhores conversas sobre poesia. Tecnicamente, a apresentação ficou aquém do que desejei, ainda assim penso que funcionou. Apresentei um experimento, no qual muitos aceitaram entrar. Gregos brasileiros latinos egípcios espanhóis ingleses me presentearam c/ palavras gentis, e além do mais de grande compreensão. Muitos sacaram o ritual, curtiram a música das palavras, ou sugeriram caminhos, c/ generosidade. Na verdade, CAIXAPREGO adquiriu nova dimensão depois desses dias. Se começou numa viagem fora do tempo a São Luís, agora me sinto fora do tempo e do espaço. Meu desejo é da idade da Terra." --- Reuben da Cunha Rocha (São Luís do Maranhão, 1984).




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