quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Última pessoa do singular

.
.

a transitividade dos ciúmes
muda de língua em língua

e me confunde como objeto
sem júri nesta sentença

ou juiz de sujeito oculto
se uso "dele" o possessivo

em pronomes do próprio
do comum e exponho

o cúmulo dos ciúmes sem
saber se "dele" é a ameaça

ou recompensa na cidade
sitiada do corvo e fígado

feitos à nossa margem
e semi-aliança.



§§§

"The Rip", Portishead:




"The Rip" covered by Thom Yorke and Johnny Greenwood of Radiohead:

2 comentários:

Carleto Gaspar 1797 disse...

mais que
uma língua
secreta um
destino
um acaso que
toda negligência
deliberada

mais que
uma grosseria
de léguas,
vocabulários de
pesar
das milhares
de aparências
no microcosmo
de pensares

mais
entendimento da
treva entre
o ser faminto
e o pedaço
de carne


Ps. Ricardo aprecio muito seus poemas; vc tem publicado eles com frequência em algum outro blog, ou vc tá guardando mesmo??

grande abrç

Ricardo Domeneck disse...

Marechal Carleto,

eu realmente não publico poemas com freqüência no blog, este saiu quase escapulido, por necessidade, nasceu já ali direto na tela do computador. Quando me pedem, mando para alguma revista ou eles esperam para saírem em formato de livro ou em voz alta nalguma leitura pública. Meu terceiro livro, chamado "Sons: Arranjo: Garganta", deve sair ainda este ano.

Há poemas muito bons em seu blog, vou visitar outras vezes.

Abraços do R.

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