quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Entrevista na íntegra para o programa televisivo "Imagem da Palavra" da Rede Minas



Entrevista para Guga Barros do programa Imagem da Palavra, da Rede Minas de TV. Veiculada a 17 de outubro de 2013.



domingo, 27 de outubro de 2013

"A night out with Cunt Cunt Chanel", direção de Justin Lafreniere. Seguida de declaração de amoramigo a Markus Nikolaus.

Markus Nikolaus a.k.a. Cunt Cunt Chanel


Ontem à noite eu tive literalmente uma night out com Cunt Cunt Chanel, ou, mais exatamente, o sr. Markus Nikolaus, com quem colaborei já em duas peças sonoras e que tem se tornado uma das pessoas mais importantes em minha vida nos últimos meses, desde que nos conhecemos em janeiro. Mas esta postagem não é para falar sobre as performances lindas que tivemos juntos e com o Tetine aqui na Bélgica, ou mesmo sobre nossa night out ontem, após a performance @ Les Ateliers Claus em Bruxelas, quando fomos para a Fuse ver nosso amigo Julien Bracht, que por coincidência se apresentava na cidade também. É para mostrar este vídeo, feito pelo diretor Justin Lafreniere com meu querido Markus Nikolaus, o Cunt Cunt Chanel, num concerto que eu organizei em Berlim.




Markus, você não vai ler isso, nem sequer fala português, mas nossa amizade é uma das dádivas mais bonitas com que 2013 me regalou.


Markus Nikolaus a.k.a. Cunt Cunt Chanel - "Of all the things I cannot catch"

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Markus Nikolaus a.k.a. Cunt Cunt Chanel - "Into Neukoelln"


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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Domeneck & Nikolaus - "Don´t feed the poet" (2013) + Info sobre as performances na Bélgica.



Colaboração com o músico alemão Markus Nikolaus (Erfurt, 1989), que se apresenta como Cunt Cunt Chanel.

Don´t feed the poet
Ricardo Domeneck

Go on, don´t
Feed the poet
Hunger sharpens
Its senses
Heartbreaks
Wake it up
Go ahead
And exile it
That´s efficient
Propaganda
For the regime
It will sing
Its lost habitat
More beautifully
Put it in a corner
Or lonely island
And ignore it
It will grow
Angry as a cancer
And call you names
Offensive names
For centuries to come
Don´t feed the poet

Don´t feed the poet

If you invite it to dinner
It wont bring any food
It wont bring any drinks
It will only bring words
And steal your feelings
To weave them in its own
Weeping and howling
It will drink your wine
It will eat your meatballs
And take your words
Stripping and spinning them
In the opposite direction
Don´t feed the poet

Don´t feed the poet

It says unpleasant things
It twists your words
Beyond recongnition
Those you use so clearly
On your daily routine
And then at the groceries
Meat suddenly is not
Just meat
And apple is no
Longer apple
But an entangling tango
With Adam and Eve
In a threesome
With Newton.
Don´t feed the poet

Don´t feed the poet

Why waste cereals
With those so far
From the spotlight
Your philantropic deeds
You generous gestures
Will go unnoticed, unsung
That´s bad publicity
The ungrateful bastards
Might even refuse
Your prizes
And question
Your intentions
Don´t feed the poet

Don´t feed the poet

It drinks too much
While you fast
It oversleeps
While you sell
It daydreams
While you produce goods
Hand can hold
It convinces you to go to bed
To bed
With him and words
It has no talent
For practical life
It wishes to pay
No taxes
It thinks his words will save him
When you finally release
The dogs and the cops
On his tail
Don´t feed the poet



Estamos na Bélgica, onde vamos dividir palco com o Tetine (Eliete Mejorado & Bruno Verner) em apresentações hoje em Antuérpia e amanhã em Bruxelas. Curadoria de Hugo Lorenzetti Neto, da Embaixada do Brasil na Bélgica. Abaixo, minha colaboração com o Tetine, "Mula", que está em seu último álbum : In Loveland With You (Slum Dunk, 2013).








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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

É preciso pecar em dobro. O petróleo é nosso.

É preciso pecar em dobro. 
O Terceiro Mundo vai explodir 
E quem estiver de sapato não sobra. 
O petróleo é nosso.

 

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Apresento-me com Tetine, mostrando-se aqui profético nesta faixa do ano passado, e ainda com Cunt Cunt Chanel em Antuérpia e Bruxelas, nesta sexta e sábado, em eventos com curadoria de Hugo Lorenzetti Neto para a Embaixada do Brasil na Bélgica.

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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O Brasil sem guerras


Como a cada revolta
ninguém jamais sobra
para contar história,


eis o berço esplêndido
de Deus, o brasileiro,
onde, por luto, silêncio.


            Voluntário desconhecido posa para foto
           antes de partir para a Guerra do Paraguai.


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domingo, 20 de outubro de 2013

"Texto em que o poeta tropical permite-se sonhar com a temperança"


Texto em que o poeta tropical permite-se sonhar com a temperança

                                                 a Maria Conti 

Quiçá pudesse até ser feliz
vivendo um quarto de solteiro
num hotel de cidadela suíça,
como Zofingen, no Aargau,
iria então para a cama às nove
da noite, e, acordando às sete
da manhã, desceria para o café
gratuito com Robert Walser
debaixo do braço, pensando
em como a poesia moderna
de um país tão ordeiro fora
toda fundada por loucos
enclausurados em hospícios,
e ainda, por pequeno o país,
muitas vezes no mesmo,
insciente de como porventura
era a desventura do desjejum
de Berberat, e de Hamo,
e de Wölfli, e de Walser
na Clínica de Waldau,
aqui onde os sinos
marcam as horas precisas
como a certeza da morte,
eu caminharia pelas ruelas
chamadas aqui de Gassen,
vestindo meu terno puído
agora que chegou a terna
idade dos ternos, o tabaco
na boca, traquéia, pulmões,
paralelepípedos matutinos
tão-só meus e das senhoras
com seus cães, eu andaria
até a Central Ferroviária
em busca de água
e o Neue Zürcher Zeitung,
sonhando com o destino
dos neutros, aqui,
num quarto de hotel
de solteiro na Suíça,
oxalá saciadas todas
as necessidades, já
que a cada dia mais
certo de que após
uma vida toda
em que pagamos
tão caro por Eros,
há-que se aceitar
que logo chegará
a idade a se pagar
caro por sexo,
e perdoem-me
os conterrâneos
por tal fantasia:
nascido em país
de extremos,
trópico de morticínios
de um mapa em forma
de hematoma,
é tão-só natural
que às vezes, de manhã,
sonhe-se
com a temperança.


--- Ricardo Domeneck – Quarto 215 do Hotel Zofingen –  Zofingen, Aargau, Suíça – manhã de 20 de outubro de 2013.

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domingo, 13 de outubro de 2013

"Quede Qaddish" - Texto de minha performance para o programa paralelo da retrospectiva de Oiticica no Museu de Arte Moderna de Frankfurt



Ontem à noite apresentei aqui em Frankfurt minha performance preparada a convite do Museu de Arte Moderna de Frankfurt, para a retrospectiva de Hélio Oiticica no museu. A performance foi preparada para ocorrer no "Penetrável PN 14", reconstruído no Palmengarten (Jardim das Palmeiras), dialogando com a obra. Abaixo, mostro o texto vocalizado. Intitulei a peça toda "Quede Qaddish", com texto, voz, vídeo e música. Logo antes da performance, contextualizei o trabalho com uma pequena fala sobre a Ditadura Militar (1964 - 1985), a relação histórica de Oiticica com o período, falei sobre o seu "Seja marginal, seja heroi" e sobre os desaparecidos políticos. O vídeo trazia fotos de cerca de 40 deles. Colaborei no som com o músico alemão Markus Nikolaus (n. 1989), que se uniu a mim no palco, tocando a peça ao vivo. Infelizmente, devido à chuva foi necessário mover a performance para uma estufa próxima da instalação, no mesmo jardim. Não sei ainda se há vídeos. Sei que há fotos e tentarei postá-las em breve. Pretendo apresentar a peça ainda em minhas próximas performances este mês na Alemanha, Suíça e Bélgica. Por ora, o texto. É importante dizer que componho estas performances de tal forma que cada elemento necessite do outro: ou seja, o texto não foi pensado para estar só, sem o vídeo, a música, a voz. Mostro-o apenas como registro. E, infelizmente, vocês verão que é um texto que só tende a crescer. 

Quede Qaddish

O corpo
também é penetrável.
Bala, eletrochoque,
rato, faca.

O corpo
também é flexível.
Forca, cadeira do dragão,
geladeira, pau-de-arara.

O corpo
também é irrastreável.
Vala comum, deserto,
Oceano Atlântico.

O corpo
também é catalogável.
Arquivos do Exército, 
Marinha, Aeronáutica.

Lista de chamada:
Dilma Rousseff, presente.

Ausentes:

Adriano Fonseca Filho
Aluísio Palhano Pedreira Ferreira
Amarildo de Souza
Ana Rosa Kucinski Silva
André Grabois
Antônio ´Alfaiate´
Antônio Alfredo Campos
Antônio Carlos Monteiro Teixeira
Antônio de Pádua Costa
Antônio dos Três Reis Oliveira
Antônio Guilherme Ribeiro Ribas
Antônio Joaquim Machado
Antônio Teodoro de Castro
Arildo Valadão
Armando Teixeira Frutuoso
Áurea Eliza Pereira Valadão
Aurino Pereira dos Santos Pataxó Hã-Hã-Hãe
Aylton Adalberto Mortati
Bergson Gurjão Farias
Caiupy Alves de Castro
Carlos Alberto Soares de Freitas
Celso Gilberto de Oliveira
Celso Rodrigues Guarani-Kaiowá
Chico Mendes
Cilon da Cunha Brun
Ciro Flávio Salasar Oliveira
Custódio Saraiva Neto
Daniel José de Carvalho
Daniel Ribeiro Callado
David Capistrano da Costa
Dênis Casemiro
Dermeval da Silva Pereira
Dinaelza Soares Santana Coqueiro
Dinalva Oliveira Teixeira
Divino Ferreira de Sousa
Dorothy Stang
Durvalino de Souza
Edgard Aquino Duarte
Edmur Péricles Camargo
Eduardo Collier Filho
Elmo Corrêa
Elson Costa
Enrique Ernesto Ruggia
Ezequias Bezerra da Rocha
Félix Escobar Sobrinho
Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira
Francisco Manoel Chaves
Galdino Jesus dos Santos
Gilberto Olímpio Maria
Guilherme Gomes Lund
Heleni Telles Ferreira Guariba
Helenira Rezende de Souza Nazareth
Hélio Luiz Navarro de Magalhães
Hiran de Lima Pereira
Honestino Monteiro Guimarães
Idalísio Soares Aranha Filho
Ieda Santos Delgado
Isis Dias de Oliveira
Issami Nakamura Okano
Ivan Mota Dias
Jacinto Rodrigues Pataxó Hã-Hã-Hãe
Jaime Petit da Silva
Jana Moroni Barroso
Jayme Amorim Miranda
João Alfredo Dias
João Batista Rita
João Carlos Haas Sobrinho
João Cravim Pataxó Hã-Hã-Hãe
João Gualberto Calatroni
João Leonardo da Silva Rocha
João Massena Melo
Joaquim Pires Cerveira
Joaquinzão
Joel José de Carvalho
Joel Vasconcelos Santos
Jorge Leal Gonçalves Pereira
Jorge Oscar Adur (Padre)
José Humberto Bronca
José de Jesus Silva Pataxó Hã-Hã-Hãe
José Lavechia
José Lima Piauhy Dourado
José Maria Ferreira Araújo
José Maurílio Patrício
José Montenegro de Lima
José Pereira Pataxó Hã-Hã-Hãe
José Porfírio de Souza
José Roman
José Toledo de Oliveira
Kleber Lemos da Silva
Libero Giancarlo Castiglia
Lourival de Moura Paulino
Lúcia Maria de Sousa
Lúcio Petit da Silva
Luís Almeida Araújo
Luís Eurico Tejera Lisboa
Luís Inácio Maranhão Filho
Luiz René Silveira e Silva
Luiz Vieira de Almeida
Luíza Augusta Garlippe
Manuel José Nurchis
Marcos Veron Guarani
Márcio Beck Machado
Marco Antônio Dias Batista
Marcos José de Lima
Maria Augusta Thomaz
Maria Célia Corrêa
Maria Lúcia Petit da Silva
Mariano Joaquim da Silva
Mario Alves de Souza Vieira
Maurício Grabois
Miguel Pereira dos Santos
Nelson de Lima Piauhy Dourado
Nestor Veras
Norberto Armando Habeger
Onofre Pinto
Orlando da Silva Rosa Bonfim Júnior
Orlando Momente
Oziel Gabriel 
Paulo César Botelho Massa
Paulo Costa Ribeiro Bastos
Paulo de Tarso Celestino da Silva
Paulo Mendes Rodrigues
Paulo Roberto Pereira Marques
Paulo Stuart Wright
Pedro Alexandrino de Oliveira Filho
Pedro Carretel
Pedro Inácio de Araújo
Ramires Maranhão do Vale
Rodolfo de Carvalho Troiano
Rosalindo Souza
Rubens Beirodt Paiva
Ruy Carlos Vieira Berbert
Ruy Frazão Soares
Sérgio Landulfo Furtado
Stuart Edgar Angel Jones
Suely Yumiko Kamayana
Telma Regina Cordeiro Corrêa
Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto
Tobias Pereira Júnior
Uirassu de Assis Batista
Umberto Albuquerque Câmara Neto
Vandick Reidner Pereira Coqueiro
Virgílio Gomes da Silva
Vitorino Alves Moitinho
Walquíria Afonso Costa
Wálter de Souza Ribeiro
Wálter Ribeiro Novaes
Wilson Silva

O corpo
também é penetrável.
Bala, eletrochoque,
rato, faca.

O corpo
também é flexível.
Forca, cadeira do dragão,
geladeira, pau-de-arara.

O corpo
também é irrastreável.
Vala comum, deserto,
Oceano Atlântico.

O corpo
também é catalogável.
Arquivos do Exército, 
Marinha, Aeronáutica.


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quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Glória nas alturas pelos sebos do Rio de Janeiro! Vejam o que encontrei! Stela do Patrocínio!




Ainda era Rio de Janeiro, Botafogo
Eu me confundi comendo pão
Eu perdi o óculos
Ele ficou com o óculos
Passou a língua no óculos para tratar o óculos com a língua
Ela na vigilância do pão sem poder ter o pão
Essa troca de sabedoria de ideia de esperteza
Dia tarde noite janeiro fevereiro dezembro
Fico pastando no pasto à vontade
Um homem chamado cavalo é o meu nome
O bom pastor dá a vida pelas ovelhas

Stela do Patrocínio, in Reino dos bichos e outros animais é o meu nome (Rio de Janeiro: Azougue, 2001). Organização Viviane Mosé.

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