segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

"Fios", de William Zeytounlian

I.

Haverá realmente
tempo perdido?
Não o dizemos somente
por tempo passado?

Se o que se investe
entrementes
não passasse de gasto,
como haveria
sempre o risco
em retomar sempre
esse rastro?


II.

Haverá realmente
Tempo passado?
Não o dizemos somente
Por tempo perdido?

Se o rastro que falo
Está sempre às voltas,
O único risco
É ser intraduzido –
Às voltas sempre
De um ser-se tão vago.


III.

Parcas de si:

Entre os dedos
Da mão
O fio do
Vivido -

Barcas ao léu:

Mas se ata
Ao tronco
O fio do
Passado.


William Zeytounlian (São Paulo, 1988).

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