Conheci Ítalo no ano passado, em minha última passagem pelo Rio de Janeiro. Passamos uma tarde e noite percorrendo livrarias do centro da cidade, e caminhando pelo Jardim Botânico, onde nos embebedamos. Já publiquei na franquia eletrônica da Modo de Usar & Co. e espalhei pelas redes sociais este seu ótimo poema satírico, que reposto abaixo, agora aqui, ao lado de outro do seu livro de estreia, no qual vem trabalhando. O vídeo é de sua participação no projeto Empreste sua voz a um poeta morto.
Informações bioblio: Ítalo Diblasi é um poeta brasileiro, inédito em livro, nascido no Rio de Janeiro em 1988. Prepara no momento sua primeira coletânea, que será intitulada O Limite da Navalha.
DOIS POEMAS DE ÍTALO DIBLASI
Gaia Ciência
é proibido
cuspir
no prato
é proibido
dormir
no asfalto
é proibido
trepar
no mato
é permitido
açoitar
as massas
é permitido
erigir
as farsas
é permitido
morrer
às traças
paremos, portanto, de fingir
que Nietzsche estava errado
quando enlouqueceu às portas
de explicar esse caralho
cuspir
no prato
é proibido
dormir
no asfalto
é proibido
trepar
no mato
é permitido
açoitar
as massas
é permitido
erigir
as farsas
é permitido
morrer
às traças
paremos, portanto, de fingir
que Nietzsche estava errado
quando enlouqueceu às portas
de explicar esse caralho
§
A urgência
No último vagão
de um noturno qualquer
rumo a lugar nenhum
o indomável riso
de uma puta alucinada
que quer saber
o que diabos escrevo
a uma hora dessas
e pede lugar num poema
que a mantenha viva
até a semana que vem
e eu estou com ela
para uma última valsa
antes do fim
§
Diblasi empresta a Piva sua voz no projeto da Modo de Usar & Co.
[Este paraíso é assim]
Roberto Piva
Este paraíso é assim:
repleto de raças respiratórias.
Nuvens, periquitos, uvas negras
à beira do deboche.
Este paraíso é assim:
relâmpagos & doces de leite,
punhal escapando da bainha
de vértebras.
Menino-acauã dançando
ao sol estrangeiro.
Este paraíso é assim:
folhas de mamona, submarinos
viajando no próprio sangue.
Leveza. Flores frenéticas.
Batuque sussurrando:
também eu
atravessei o inferno.
.
.
.
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