é a trilha sonora.
§
Os outros três, publicados em Ciclo do amante do substituível (2012):
Eros
Optas,
amo.
Queima-nos.
::: via tradução por homofonia/homosignia do fragmento 38 de Safo de Lesbos:
ὄπταις ἄμμε
thou burnest us
§
Eros
II
meteoro
que
chegou
não
como
soco
mas
beijo
de
todos
os
cafunés
e
não cavou
crateras
mas
ferindo
as
tais leis
da
física
massageou
meu
físico
macérrimo
detendo-se
a
um
centímetro
da
minha
atmosfera
fez
de mim
seu
satélite
Berlim,
tarde amorosa à distância, sem cigarros ou cegueiras, na qual Eros
fez do mais verborrágico dos poetas contemporâneos brasileiros um
líricozinho lacônico, 07 de junho de 2011. Agora: descer, comprar
cigarros e sorvete de chocolate.
§
Eros
III
Quiçá
Eros
decidira
que minha data
de
validade
como
receptáculo expirara,
ou
talvez eu tenha sido
tão-só
incubador
de
um alienígena,
hospedeiro
de um verme
ou
varejo de um vírus
que
agora segue no atacado
sua
existência externa.
Quem
sabe eu apenas
viva
o momento
do
carteiro incompetente
que
confunde remetente
por
destinatário,
o
bilhete de SOS
na
garrafa
acaba
engolida
por
uma orca,
a
carta retorna
deslida,
selada.
Carmen:
L´amour
est
un microraptor,
rapta-nos
e domestica
antes
de servir-nos,
presa
e merenda,
para
seus filhotes
ávidos,
e nada
se
compara a
este
nutricionista
quando
se trata
de
excitar anemias.
Pensar
nele
é
como estar sentado
numa
cadeira
sob
uma árvore
da
mesma espécie
da
qual extraiu-se
a
sua madeira.
Jatos,
aviões
cruzam
os céus
deixando
como feridas
cortes
no azul
que
se cicatrizam
por
dispersão,
diferente
de
nossa pele,
que
se encrosta
para
cerrar os portos
para
o sangue.
Veraneio
no
inferno,
bronzeio
o
cenho
e
estas cãs
que
me dás.
.
.
.
.
.