sábado, 24 de dezembro de 2011

Poeminha circunstancial por ocasião natalina, com canção de fundo

ou como diria meu amigo, o poeta mexicano Luis Felipe Fabre,
"poemito con giro metafísico y un poco de chantaje emocional".


O poeta retorna ao lar materno para o Natal


O som ainda é de pressão na cozinha,
uma válvula rotatória soltando vapor
e o cheiro de feijão e alho, a xícara
de café com mais açúcar que o pó
do café moído, moído chego eu à cidade
natal e escondo-me no quarto de hóspedes
para fumar, refugiado ali dos hormônios
de atalaia ensandecidos da maternidade
que jamais compreenderiam o direito
inalienável do auto-entorpecimento,
"Que ano, meu Deus!", disseram as moscas
e começaram a nadar no café; mas com sol
incidindo no corpo dos nadadores dípteros
lembrei-me da ressurreição de Janeiro
e escolhi esquecer por ora o apocalipse.



§




§

Estrada do Sol
Tom Jobim

É de manhã
Vem o sol
Mas os pingos da chuva
Que ontem caiu
Ainda estão a brilhar
Ainda estão da dançar
Ao vento alegre
Que me traz esta canção

Quero que você
Me dê a mão
Vamos sair por aí
Sem pensar
No que foi que sonhei
Que chorei, que sofri
Pois a nova manhã
Já me fez esquecer
Me dê a mão
Vamos sair pra ver o sol

.
.
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