terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Jovens poetas europeus: Pontus Ahlkvist




Pontus Ahlkvist é um poeta e jornalista sueco, nascido em Jönköping em 1987. Formado em História das Ideias e Jornalismo pela Universidade de Estocolmo e Língua e Literatura Alemãs pela Universidade de Gothenburg. Escreve sobre política para o diário sueco Aftonbladet. Pontus Ahlkvist vive e trabalha em Estocolmo.


POEMAS DE PONTUS AHLKVIST

cordas sonoras de ventos amainando
gritos da cidade
meus heróis loucos para dançar têm lugar
e se deslocam o tempo todo
com costas retas
silenciosos campos do céu
quartos de hotel desde uma memória de infância fugaz
levemente ofegantes
a luz destino, as lanternas ou dia-fanias inventadas
um quê sem importância
respirações
se não me atrevo a dizer
se não digo nada
é uma mentira;
e um Drury´s
sonhos morrem onde pairamos, livremente
sem a providência de ninguém
indescritíveis
como lembrança
somos só nós
salmos na cabeça, paralelepípedos
abandonados nesse marasmo
para além
de uma ansiedade que teu sorriso joga longe
dados
que tu não me tocas
não, não de novo


(tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback)

:

mojnande ljudsträngar,
stadstjut
mina danssjuka hjältar äger rum
och förflyter, alltid
med raka ryggar
de tysta himmelsåkrarna
hotellrummen från ett flyende barndomsminne
små flämtande
ödeljus, lanternor eller påhittedagrar,
oviktigt vad
andningarna
vågar jag inte tala om
säger jag något alls
är det en lögn,
och ett gesöff
drömmar dör där vi hänger, fritt
under ingens försyn
obeskrivliga
som hågkomsten
är bara vi
psalmerna i huvudet, de övergivna
stentorgen i detta kavlugna
bortom
en ängslan du ler iväg,
givet,
att du inte rör mig
nej inte igen

§


a)

um quarto decadente numa pousada em Madrid
entre as quatro paredes meu novo eu recebe
forma
a regeneração,
a fuga
Deus, eu anseio
pelo esquecimento da noite
lá na rua
arrebanham-se os curiosos
porcos da sujeira
animais da cidade
querem que conte do vazio
dificilmente,
para vocês
eu só posso sentir o amor


b)

uma estação de ferro abandonada no interior
lugares
horas
memórias se dissipando
mais rápido que luxúria;
veículos com rodas de ferro latejando
por trás do muro do pátio ferroviário
cantando a meia voz, o campo selvagem;
sentimos medo
a paz e a moderação
sentimos medo
o nojo
a falta de vida
e do sentido sentimos medo
acima de tudo


c)

um aeroporto no exterior
perspectivas das vésperas do viver
pessoas cujos olhos
são apenas vazios
aberturas
adeus vá com deus, adeus vá com deus
será que já contei sobre o vazio
neve caindo do lado de fora
silencioso,
como o tempo
escuta os sons da dúvida se soltando
dentro de mim,
desvigor
e a morte do coração terno  

(tradução de Marcia Sá Cavalcante Schuback. Publicada originalmente no 4° número impresso da Modo de Usar & Co.)

:


a.

ett sjabbigt rum på ett vandrarhem i madrid
mellan de fyra väggarna tar mitt nya jag
form
föryngringen,
flykten
gud, jag längtar
efter nattens glömska
nere på gatan
flockas de nyfikna
lortgrisarna
stadsdjur
vill ni att jag ska berätta om tomheten
knappast,
för er
kan jag bara känna kärlek


b.

en folktom järnvägsstation i småland
platserna
timmarna
minnena skingras
fortare än lustan,
farkosternas järnhjul dunkar
i kvällen
bakom bangårdens plank
nynnar nejdens vilda
vi räds
freden och jämnmodet,
vi räds
äckligheten
och livlösheten
och meningen räds vi,
mest av allt

c.

en flygplats i utlandet
levnadsaftonens utsikter
människor, vars ögon
bara är tomma
gluggar
ajöken adjö, ajöken adjö
har jag berättat om tomheten
snöfallet utanför
är tyst,
som tiden
hör du tvivelsljuden lossna
i mig,
vissnaden
och ömhjärtats död


.
.
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