sexta-feira, 6 de julho de 2012

Poetas morrem. Poetas trabalham.

Li este fim-de-semana o longo conto/novela fôlego sem folga (Lisboa: Língua Morta, 2012) de Miguel Martins. O texto é excelente. Conhecia apenas a poesia do autor, um dos melhores poetas contemporâneos em língua portuguesa. Foi uma descoberta poder ler agora também sua prosa. Recomendo muito a leitura aos amigos em Portugal que possam ainda conseguir o livrinho, em edição limitada. O autor enviou-me ainda alguns vídeos de seu grupo A Favola da Medusa. Compartilho aqui um deles.


 

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 O poeta carioca Victor Heringer postou ontem o novo poema-em-vídeo "oi você sumiu", de sua série "Arquespélago" (2012).


 

"oi você sumiu" (2012), HD, Stereo, 4m21s. Conceito e vídeo: Victor Heringer. Som: Victor Heringer - Fragmentos do "Noturno nº1" (1919), de Erik Satie. Texto: Trechos de mensagens que recebi na secretária eletrônica do celular e nunca respondi. Este vídeo faz parte da série "Arquespélago" (2012). Veja os outros no http://automatografo.org 


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Morreu em Portugal o poeta holandês Gerrit Komrij (1944 - 2012). Também romancista, tradutor, libretista, crítico e famoso polemista, era considerado um dos mais importantes poetas da língua na atualidade. Nascido em Winterswijk, vivia desde a década de 80 em Portugal. Por sua lealdade ferrenha à formas fixas e metros clássicos, sua poesia era estranha no ninho da poesia holandesa dos anos 60. No entanto, a publicação de sua obra completa em 2004, com o título Alle gedichten tot gisteren (Todos os poemas até ontem), firmou-o como um dos nomes mais respeitados da poesia holandesa. Foi traduzido em Portugal por Fernando Venâncio.



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POEMA DE GERRIT KOMRIJ

Nada, só borras, só fundo.

Vivíamos os dois num velho palacete.
Sem chão nem tecto. De paredes nada.
So what? Palacetes diziam-nos pouco.
Era uma granja meio desmoronada.

Fazíamos sempre grandes conversas.
Nada importante. A política, o tempo.
O amor? Tá bom, íamos nós lá nisso!
Cavaco de café, um passatempo.

Bebíamos poesia dum jarro.
Nada de cristais. Um copo marado.
Conteúdo? Nada, só borras, só fundo.
Era uma poesia de tostão furado.

(tradução de Fernando Venâncio,
Gerrit Komrij, Contrabando: uma antologia poética
Tradução do holandês de Fernando Venâncio, Assírio & Alvim)

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Niets dan droesem, niets dan draf
Gerrit Komrij

We zaten samen in een oud kasteel.
Het had geen vloeren en geen dak. Geen muur.
So what? Kastelen zeiden ons niet veel.
Het was een halfvervallen boerenschuur.


We hadden al die tijd een goed gesprek.
Niets van belang. De politiek, het weer.
De liefde? Ja, daar waren we mooi gek.
Het waren borrelpraatjes en niets meer.


We dronken poëzie uit een karaf
Van het goedkoopste glas. Niet van kristal.
De inhoud? Niets dan droesem. Niets dan draf
Het was een poëzie van niemendal.


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Leio amanhã, dia 7 de julho, na série HERE! HERE! THERE!, organizada pelo poeta norte-americano Shane Anderson na livraria St. George´s aqui em Berlim. Leem ainda o russo Dmitry Golynko e os americanos Jennifer Nelson e Ian Orti. Lerei meus textos escritos orginalmente em inglês.

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