domingo, 23 de outubro de 2011

Leslie Feist, curandeira.




Há dois songwriters/cantautores anglófonos dos quais sigo as carreiras, acompanho cada lançamento com a expectativa de quem espera o bote salva-vidas no meio do oceano, e as ondas crescendo. Um deles é o norte-americano Sufjan Stevens, sobre o qual já escrevi aqui. A outra é a canadense Leslie Feist, mais conhecida apenas como Feist. Ontem tive a oportunidade iluminada de vê-la/ouvi-la ao vivo pela primeira vez aqui em Berlim. Foi uma noite maravilhosa, há muito não via tanto carisma emanar de uma mesma pessoa sobre o palco, com aquela voz que, de alguma maneira misteriosa, consegue conjugar fragilidade e potência.

Eu tenho meus misticismos pessoais e malucos. Por exemplo, Björk, de alguma maneira, sempre lança álbum novo quando estou passando por uma turbulência, e, ora, o que me impede de acreditar que ela os lança para me salvar? Mas este ano o misticismo do meu umbigo é outro: o último álbum de Feist, The Reminder, foi lançado em 2007, o ano de início de algo importantíssimo em minha vida, e canções como "My Moon My Man", "1234" e "I feel it all" foram como hinos da minha alegria nos últimos anos. Agora, quatro anos depois, quando a alegria específica e com carteira de identidade que começara em 2007 acabou-se, Feist lança este Metals, com algumas canções que estão certamente ajudando a me cicatrizar. Se "I feel it all" foi meu hino de alegria com um certo moço, agora eu tenho esta lindíssima "The circle married the line" para cantarolar minha tristeza, tristeza que está se acalmando e começando a deixar a paz da compreensão em seu lugar. Quando os primeiros acordes desta canção começaram ontem à noite, baixei muito a cabeça, ergui muito a cabeça, pestanejei, ergui os olhos até o teto, fechei-os, cantei. Obrigado por ajudar, Feist. Espero um dia poder apertar sua mão e dizer um obrigado.




Feist canta sua canção "The circle married the line", do álbum Metals (2011).


The circle married the line
Leslie Feist

I know it'll need to go from good to worse
Living in the past begins the ending first
All I want is a horizon line
Get some clarity following signs
I'll keep on the path that leads up to the clearing
Keep some distance while the words comes in so near and
Then I'll head out to horizon lines
Get some clarity ocean-side

Realize what you know that you know by now that...
First light was, last light was alright when
The circle married the line
First light was, last light was alright when
The circle married the line

Even from away he is near me
Making me unendingly teary
Makes me remember the things that I forgot
It's as much what it is as what it is not
In a room sleeping so peacefully
Fall away from him to be less than lee
All we need is a horizon line
Get some clarity following signs

Realize what you know that you know by now that
Realize what you know that you know by now that...

First light was, last light was alright when
The circle married the line


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2 comentários:

XOXÓ NO SEU FIOFÓ disse...

a leitura deste post me fez lembrar uma canção da Patrícia Barber, a primeira do disco Mythologies, chamada The Moon.

http://www.lyricszoo.com/patricia-barber/the-moon/

Ricardo Domeneck disse...

Muito legal.
Obrigado, eu não a conhecia.
abraço
RD

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