terça-feira, 8 de junho de 2010

Enquanto isso, no Berlimbo, canta-se e dança-se em meio às velhas crateras e os colapsos econômicos em redor.

§ - O músico alemão Apparat, como gancho para comentar o "Pop sintético" ou Synth-Pop, e a Música Eletrônica Alemã.

Amanhã, uma de minhas criaturas contemporâneas alemãs prediletas apresenta-se em nossa SHADE inc. Trata-se de Sascha Ring, o artista/produtor sonoro conhecido como Apparat. Já o apresentei em minha HILDA magazine há dois anos, não sei ao certo o quanto ele é conhecido no Brasil. Na Europa, ele é muito respeitado. Eu gosto muito do seu trabalho. Em um país onde as raízes com a música popular foram cortadas e arrancadas, por questões políticas (a suspeita de nacionalismo que imediatamente remetia aos crimes nazistas), a música teve que buscar espaço de intervenção e criação no sintético, digamos. Daí a excelência e caráter ponta-de-lança da música eletrônica alemã, com coletivos como Kraftwerk, Can ou Tangerine Dream, e, mais tarde, do Punk alemão e da chamada Neue Deutsche Welle (Nova Onda Alemã), com coletivos como Die Tödliche Doris, Die Goldenen Zitronen, Malaria!, Palais Schaumburg, Hans-A-Plast, etc.

Com a explosão do techno e outros gêneros da música eletrônica na década de 90, Berlim confirmou-se mais uma vez como um dos grandes centros musicais para a experimentação com sintetizadores e, mais tarde, programas de computador. Muito da música produzida na década de 90, em minha opinião, parece por vezes cerebral demais, ou, pelo contrário, dirigida tão-somente para a espinha dorsal - basta que você dance. O que eu aprecio em Apparat é que, mesmo quando ele está produzindo minimal techno, há emoção e delicadeza em sua música. A faixa que mostro aqui, chamada "Arcadia", é de seu último álbum. Em sua linda e delicada voz, ele canta uma pequenina peça lírica de poucos versos. O vídeo me parece muito lindo também.




Arcadia
Sascha Ring aka Apparat.

What's the point
Of waiting
For life to come
I could go further
And no one's surprised
Your plans collapse
Run off
Or fall apart



Outra composição de que gosto muitíssimo é esta "Fractales I & II", do mesmo álbum, também com um belo vídeo.


("Fractales I & II", Apparat, do álbum Walls, 2007)


§- O Synth-Punk da banda Herpes, do vocalista e poeta punk-satírico Florian Pühs.


Este ano foi lançado o primeiro álbum da banda Herpes, sobre a qual já escrevi aqui. Eu chamaria o que eles fazem de Synth-Punk. As letras de Florian Pühs são ótimas, inteligentes e com a dose necessária de sarcasmo ao lidar com a Alemanha e o Berlimbo. Já escrevi aqui sobre sua canção "Neue Dresdener Schule", que usa versos do poeta alemão Heinrich Heine. Esta canção que mostro hoje, a também satírica "Very Berlin", está tocando sem parar nas rádios daqui. Este é o vídeo que a gravadora insistiu em fazer. Na verdade, Florian Pühs havia idealizado outro, que chegamos a gravar e no qual eu dançava, reencenando uma das cenas mais famosas do primeiro filme de Jim Jarmusch, Permanent Vacation (1980), mas a gravadora achou que o que fizemos era "conceitual demais", e não o aprovou (a cegueira da maioria das gravadoras e editoras é a única coisa que me parece "universal"). Resta este aqui.




("Very Berlin", da banda Herpes, letra de Florian Pühs, 2010)
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