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quarta-feira, 11 de abril de 2012

EASTER (Stine Omar Midtsæter & Max Boss) performance @ SHADE


Hoje à noite, em nossa instituição quarta-feirística de intervenções dada-goliárdicas, o evento-festança SHADE que organizo herculeamente há mais de 7 anos com meu companheiro Viktor Neumann, a jovem poeta norueguesa Stine Omar Midtsæter, com quem li aqui em Berlim ao lado ainda de Black Cracker e Annika Henderson (Anika) no mês passado, apresenta-se com seu projeto musical Easter, contando ainda com uma performance do também jovem artista norueguês Tor Erik Bøe e um DJ set do meu amigo Marius Funk. Todos os praticantes da pesquisa de campo em Gender Politics na cidade, levantem a mão.

Precisando liberar certas tensões, pretendo também divertir-me insanamente e acabar-me no melhor estilo "o chão é o limite". Deixo vocês com minhas faixas favoritas do álbum de estreia do duo Easter, de Oslo, formado por Stine e seu suposto irmão Max Boss. Todos os que já tiveram uma psychobitch em sua vida, cantemos em coro.






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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Quarta-feira com direito à companhia de Akia.

Hoje, passei o dia resolvendo algumas coisas, entre elas a prazerosa tarefa de renovar minha carteira para poderar retirar livros na Staatsbibliothek, aquela onde os anjos de Wenders passam algumas horas da tarde. Voltei para casa com um volume de textos selecionados do místico alemão Jacob Boehme (1575 — 1624) e ainda The sound of poetry / the poetry of sound (2009), da Marjorie Perloff e do Craig Dworkin. Como ser membro da Stadtsbibliothek dá automaticamente direito a retirar livros no Instituto Ibero-Americano de Berlim (Iberoamerikanisches Institut Berlin), que funciona no mesmo prédio, aproveitei para também voltar para casa com um volume de artigos do grande e lúcido Joaquim Nabuco ( 1849 — 1910) e uma edição do Diário Completo de Lúcio Cardoso (1912 — 1968), este ser meio assustador e da raça dos que não se encaixam muito bem na mentalidade oficialesca brasileira, em suma: os que amo.

Andei pela cidade, parei em cafés, terminei de ler At the Same Time: Essays & Speeches (2007), presente do meu mamútico amigo Jonas Lieder, o livro que reúne os últimos textos de Susan Sontag (1933 - 2004), uma autora que sempre me causa ao mesmo tempo admiração e certa gastura. Mas não é hora e lugar de discutir sua visão apaixonada da função da literatura.

Escrevi um pouco, algumas linhas para uma nova canção com meu parceiro. O título: "Don´t feed the poet".

Mas hoje é quarta-feira e daqui a pouco sigo para o clube, onde hoje temos dois DJs convidados e ainda a presença de Uli Buder, mais conhecido como Akia, meu amigo e parceiro em algumas composições. Um dos seres mais quietos e calmos que já conheci. Alguém diria: "um típico alemão do norte". O vídeo abaixo é o que fez para uma de suas últimas e melhores composições, chamada "Papier". Vou tomar banho e preparar-me para passar a noite a seu lado na cabine do DJ, conversando e ouvindo música da melhor qualidade.


Vídeo e música de Uli Buder, mais conhecido como Akia: "Papier" (2011)


AKIA (Uli Buder)




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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Hoje à noite, concerto do Heatsick e DJ set de Mo Probs em nossa SHADE



Hoje à noite, Steven Warwick, músico britânico residente em Berlim e mais conhecido como Heatsick, faz uma apresentação em nosso evento semanal SHADE. Heatsick acaba de lançar seu álbum de estreia pelo selo PAN Records, intitulado Intersex (PAN Records, 2011), angariando elogios rasgados pela imprensa alternativa alemã. Sua música está marcada por uma paleta variada de influências e referências, da musique concrète à Chicago house. A noite contará ainda com um DJ set de Mo Probs. Assista abaixo ao vídeo da faixa "Ice Cream on Concrete", dirigido pelo brasileiro Dácio Pinheiro.



Heatsick - "Ice Cream on Concrete", do álbum Intersex (PAN Records, 2011),
vídeo de Dácio Pinheiro.


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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Hoje à noite, nosso evento semanal SHADE reabre em novo clube, com dois concertos


Uma verdadeira maratona começa hoje, sobre a qual só poderei escrever com calma em um par de dias. Parto amanhã para minhas primeiras apresentações no Festival Europália, em Antuérpia e Bruxelas, mas antes disso reinauguro com meus companheiros de coletivo nosso evento semanal SHADE, no clube Flamingo. Concertos da brasileira (que cresceu na Alemanha) Dillon e da banda Go Chic, de Taiwan, que acaba de ser produzida por Peaches. Mais: DJ set do meu amigo Marius Funk e também meu. Escrevo com calma da Bélgica. Abaixo, um vídeo com a brasileira/alemã Dillon:




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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Dois vídeos encontrados nos meus arquivos, de performances em nosso evento semanal, entre o satírico e o xamânico: Angie Reed & TV Buddhas

Hoje é quarta-feira, segunda semana de pausa do nosso evento semanal aqui no Berlimbo. Mais tarde, encontro-me com os donos do clube onde desde 2005 organizamos as performances, concertos, instalações e DJ sets seguidos de celebração festeira, para discutirmos a reabertura no novo local.

Nos últimos dias, subi fotos antigas acumuladas para a página oficial, e, fuçando em meus arquivos, encontrei alguns vídeos de performances já digitalizados mas que eu ainda não havia editado e disponibilizado na Rede. Ontem editei dois deles: da performance da americana Angie Reed, em 2006, e a do duo israelense TV Buddhas, em 2009. Foi uma combinação engraçada, pois não poderia imaginar artistas mais diferentes em seus temperamentos.




Angie Reed é uma multiinstrumentista e poeta-vocalista satírica. O vídeo mostra sua performance para sua canção mais conhecida, chamada "Hustle A Hustler", que é, creio, do álbum XYZ Frequency (2005). Angie Reed nasceu em 1976, e vive em Berlim há muitos anos, onde começou a carreira como baixista e segunda vocalista da banda Stereo Total. Em 2003, lançou seu primeiro álbum solo, o conceitual Angie Reed Presents the Best of Barbara Brockhaus (2003), produzido por Patrick Catani. Sua performance em nosso evento, que eu adoro dizer ser our own private Cabaret Voltaire, deu-se em 2006, creio que em novembro. Sua performance me faz pensar na poesia cantada dos trovadores do trobar leu, de poetas satíricos da Idade Média como os Goliardos, coisa que me atinge por vezes na performance de poetas vocais contemporâneos, como quando me apresentei com o catalão Albert Pla em um festival de poesia de Madri. Vê-lo sobre o palco, rodeado pelo público, cantando suas canções, interrompendo-as para vociferar imprecações contra o governo e a igreja, fez-me sentir-me no coração da idolatrada salve salve tradição poética medieval. Senti o mesmo nas duas vezes em que tive a sorte maravilhosa de assistir a performances do grupo Tiger Lillies, por exemplo, com o fenomenal poeta-vocalista satírico Martyn Jacques à frente.

Abaixo, o trobar leu de Angie Reed.



Angie Reed vocaliza sua "Hustle A Hustler" em nosso evento semanal, em novembro de 2006.



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O segundo vídeo é do duo TV Buddhas, de Israel. Creiam-me, eu não uso o adjetivo "xamânico" com frequência, sou leitor apaixonado de Eliade e acho que esta tradição é abusada por muitos charlatães, especialmente no Brasil. Nem acho que este vídeo vá ser capaz de dar a ver o que estas duas criaturas fizeram no meio da nossa pista de dança por cerca de 45 minutos. Eu fiquei impressionadíssimo. Entre os artistas trabalhando com música hoje no mundo, nos últimos tempos tive esta experiência apenas com os criadores de persona, como Fever Ray e Planningtorock. Mas, nesta noite em questão, capturada mal mas registrada no vídeo abaixo, eu realmente senti nestes dois seres humanos o poder do xamânico. Com vocês, um excerto de uma experiência verdadeira, a performance dos TV Buddhas no nosso evento, em 2009.




TV Buddhas em nosso evento semanal, em setembro de 2009.




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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fincomeço: neste dia, hoje, quarta-feira, 28 de setembro de 2011, saúdo um a mais, um a menos



Este ano de 2011 tem sido um ano de fins abruptos, começos involuntários, os quais tenho recebido entre o susto e o siso. Hoje, após seis anos e meio organizando os eventos, festas, intervenções e performances semanais neste bairro de Prenzlauer Berg, em pleno Berlimbo, primeiro sob o nome de Berlin Hilton, depois como SHADE inc, celebramos pela última vez no clube que nos abrigou desde 2005, após abandonarmos o primeiro por ter se tornado pequeno demais e a relação com os donos demasiado difícil. No clube Neue Berliner Initiative, conhecido como NBI, pudemos enfim fazer do evento o que queríamos: uma ponte entre cenas e guetos, um local onde os mais improváveis indivíduos se encontrassem. Seria impossível relatar aqui tudo o que aconteceu por ali. Tive a chance de organizar performances de heróis meus ou simplesmente beber com eles quando passavam pela festa. Ali organizamos, muitas vezes pela primeira vez em Berlim, performances e concertos de artistas como Planningtorock, Stereo Total, Bunny Rabbit, Mystery Jets, AIDS-3D, Barbara Panther, Tetine, Hellvar, Ben Butler & Mousepad, Exercise One, Herpes, Glen Meadmore feat. Vaginal Davis, Heatsick, Khan, Kevin Blechdom, Angie Reed, Deize Tigrona, Thieves Like Us, Wolfgang Müller (Die Tödliche Doris), entre outros; tocaram ainda, como DJs, artistas como Peaches, Ellen Allien, Apparat, Modeselektor, Fischerspooner, Telepathé, CocoRosie, oOoOO, Change/Thomas Muller, Heartthrob, Gebrüder Teichmann, T.Raumschmiere, etc. Não vou citar as pessoas inacreditáveis que passaram pela festa para beber ou assistir a uma performance, pois seria passar dos limites aceitáveis do name dropping.

Hoje, acaba uma era da vida noturna berlinense. Não sou eu a dizer, mas as muitas pessoas que têm reagido à notícia desta última festa. O clube fecha esta semana por ter se tornado impossível manter-se neste bairro (gentrification, dears, gentrification...) e nós talvez quiçá oxalá sigamos em frente, mas em outro local, outro bairro, com outro projeto.

Nosso convidado especial desta noite é o nova-iorquino Black Cracker, produtor do duo CocoRosie, Bunny Rabbit, e incrível artista solo. Já falei sobre ele aqui.





O futuro? Não nos esqueçamos da tautologia sábia de Scarlett O´Hara:

"Tomorrow is another day"

Abaixo, uma pequena seleção de vídeos de performances na Berlin Hilton/SHADE inc, reunidos nestes últimos seis anos. Da grande maioria não há qualquer registro, estávamos geralmente ocupados demais sendo felizes para pegar numa câmera. Mas por sorte há estes, feitos por amigos, às vezes por mim. Ajudam minha memória já excitada.

RIP Berlin Hilton/SHADE inc (2005 - 2011)



Kevin Blechdom (2006)

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Mystery Jets (2009)

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Jailhouse Fuck (2009)

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Wolfgang Müller - Die Tödliche Doris (2009)

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Ellen Allien discotecando em 2010.

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Herpes (2009)

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Apparat + Akia discotecando em 2010.

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Lesley Flanigan (2010)

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Akia (2009)

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Thomas Muller a.k.a. Change discotecando em 2010.

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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Verões berlinternacionais



O verão em Berlim não é apenas o período em que recarregamos as baterias de vitaminas para suportar o inverno horroroso, cinza e escuro destas bandas nortistas. A cidade se enche de figuras interessantíssimas, oriundas de outras metrópoles como Nova Iorque, Paris e São Paulo. Sim, há as hordas de turistas, algo novo para Berlim, que sempre esteve fora do mapa dos roteiros turísticos até pouco tempo atrás. Todo mundo reclama da turistaiada, mas há entre eles os seres excepcionais que aportam por estas bandas. Berlim está passando por um momento histórico que tem paralelos com a Berlim dos anos 20, a Berlim da República de Weimar. Vou voltar a isso outra hora. Esta ideia voltou a minha mente após assistir a Midnight In Paris, do Woody Allen, com todo aquele louvor da Paris dos anos 20 (fetiche do qual nunca compartilhei, se vivesse nos anos 20 teria feito como Auden e Isherwood e certamente vindo para Berlim). Eu sempre acabo lucrando com a vinda destas pessoas e o programa do nosso evento semanal às quartas-feiras se internacionaliza mais que em outras estações. Nas últimas semanas, passaram pelo nosso clube algumas criaturas muito legais. Falei aqui sobre alguns. Na semana passada, discotecou na festa o duo nova-iorquino Creep.







Hoje à noite discoteca o duo Light Asylum, também nova-iorquino. Nas próximas semanas passarão pelo nosso palco ainda Lorenz Rhode (Düsseldorf/Paris), Black Cracker (Nova Iorque), e outros.






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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Apropriação e paródia: cartaz de maio para a SHADE inc, seguido de programa ilustrado do mês

Convite e cartaz de maio de 2011 para a SHADE inc. Para quem nunca os viu antes: a ideia é apropriar-se, reencenar ou parodiar imagens fotográficas conhecidas do século passado, da arte ou do fotojornalismo. Este mês o jogo foi com uma de minhas favoritas: "Le saut dans le vide" (1960) – o salto para o vazio de Yves Klein (1928 – 1962). Eu diria que desta vez foi menos uma paródia que uma homenagem escancarada.


Clique na imagem para aumentá-la.


Maio de 2011. Concebido pelo coletivo SHADE,
fotografado e produzido por Niklas Goldbach.



Para quem não reconhece a foto, veja a original de Yves Klein abaixo.


Yves Klein - "Salto para o vazio" (1960)


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Programa ilustrado deste mês
our little tiny private Cabaret Voltaire


Quarta-feira, 4 de maio de 2011.


A noite de ontem foi uma daquelas que ficarão na minha memória por algum tempo, forte o bastante para resistir a todos os goles de tequila por vir. Dois ícones do nosso subterrâneo abriram a noite: um concerto cowpunk do canadense Glen Meadmore, com participação especial da lendária e única Vaginal Davis. Por volta das 2:30 da manhã, uma apresentação divertidíssima e sorridente da nova-iorquina Cherie Lily, deliciosa. Além destas criaturas de outra dimensão, DJ sets dos meus queridos Marius Funk e Dickey Doo. Na plateia: Peaches, Larry Tee, Joel Gibb, Danni Daniels e outros queridos.




Glen Meadmore e seu cowpunk




Cherie Lily e sua houserobics


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Quarta-feira, 11 de maio de 2011.


Na próxima quarta, teremos um show de uma banda de Frankfurt chamada Les Trucs e um DJ set do meu amigo Florian Pühs, vocalista e letrista da banda synthpunk alemã Herpes e também produtor de música eletrônica.



Les Trucs (Frankfurt) - "Waiting for my superhero skills to come out"




Florian Pühs - "Reproduction"


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Quarta-feira, 18 de maio de 2011.


Nesta noite, discoteca nosso companheiro de coletivo Daniel Reuter, também conhecido como Almost Straight, e trago novamente Bryan Kessler a Berlim, um moço muito novo de Colônia, que eu acho muito talentoso. Ficando aos poucos bastante conhecido como singer/songwriter, mas que eu tenho convidado a cada três meses para vir nos visitar e tocar um belo set de tecno. Muito fofo o moço. Ele é da nova geração de rapazes aqui na Alemanha que levam as macacas de auditório à l-o-u-c-u-r-a quando sobem ao palco. Acho muito divertido assistir às/aos groupies que vêm ao clube só para vê-lo discotecar. Bom, eu sou obrigado a entender um pouco... estas madeixas dele são mesmo um sonho. Ele vem para um DJ set, mas mostro aqui a vocês uma das suas canções mais bonitinhas, é a minha favorita.




Bryan Kessler - "Memorization is treason"


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Quarta-feira, 25 de maio de 2011.


Por fim, encerrando o mês, voltam ao clube meus queridos Marius Funk e Simon Zachrau, que discotecam pelo menos uma vez por mês. Dois queridos. Deixo vocês com mix de Marius Funk.








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sexta-feira, 1 de abril de 2011

Apropriação e paródia: cartaz de ABRIL para a SHADE inc, a partir de um original de Gjon Mili

Convite e cartaz de abril 2011 para nosso evento às quartas-feiras, SHADE inc, iniciado em abril de 2010, para substituir a antiga Berlin Hilton. Como já escrevi aqui, o conceito para os cartazes e convites segue a apropriação, reencenação ou paródia de imagens fotográficas conhecidas do século passado, da arte ou do fotojornalismo. Concebidos e produzidos pelo coletivo SHADE (em ordem alfabética: Daniel Reuter, Niklas Goldbach, Ricardo Domeneck e Viktor Neumann), e então fotografados em geral por N. Goldbach ou D. Reuter. Esta fotografia reencena, apropria-se e parodia uma das fotos da série "Painting with light", que Gjon Mili fez com Pablo Picasso em 1949 na França, para a revista LIFE. Reencenada por Niklas Goldbach com Daniel Reuter posando de neo-Picasso.




Clique na imagem para aumentá-la.


Abril de 2011. Concebido pelo coletivo SHADE, fotografado e produzido por Niklas Goldbach.



Para quem não reconhece a foto, veja a original abaixo, um retrato de Pablo Picasso feito por Gjon Mili para a a revista LIFE.





Uma pequena sátira ao bravado de certa narrativa fálico-mitômana a circundar as lendas do heroic male artist, usada com insistência no biografismo de certos pintores do século XX como Pablo Picasso e Jackson Pollock, por exemplo. Lembro-me, por exemplo, de outras sátiras a isso, como a performance "Vagina Painting" da japonesa Shigeko Kubota (ligada ao Fluxus) e o vídeo "Painter" do americano Paul McCarthy.


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quarta-feira, 30 de março de 2011

Pequeno diário madrilenho, com notas sobre Córdova e Berlim, povoadas de poetas e poemas.

§ - CÓRDOVA, ainda.

Antes de partir para Madri, depois das apresentações no festival, passei o dia perambulando por Córdova, lendo, escrevendo. A grande experiência, no entanto, ocorreu indoors, ou throughdoors talvez devesse dizer, dentro da Mesquita-Catedral. Em poucos prédios tive tal susto maravilhado, esta espécie de soco est-É-tico.





Posso mencionar dois outros prédios onde tive esta experiência, no sentido mais preciso da palavra "experiência", este soco est-é-tico, cada um à sua maneira distinta: a Igreja de São Francisco de Assis em Ouro Preto, aquela igreja-útero de Antônio Francisco Lisboa, e o Judisches Museum (Museu Judaico) aqui em Berlim, aquele "vazio espaçoso" de Daniel Libeskind.

Ali na Mesquita-Catedral seria possível e o mais apropriado dos locais para discutirmos a historicidade da arte, a historicidade flexível da criação artística. É um local onde me parece tomar forma o casamento intrínseco e inseparável, que uns veem como dualidade, de transcendência e imanência. Não sei explicar de outra maneira.

Ali se entende como era ético o minimalismo de João Cabral de Melo Neto quando este diz no famoso "A Palo Seco", de Quaderna (1960):


A palo seco existem
situações e objetos:
Graciliano Ramos,
desenho de arquiteto,

as paredes caiadas,
a elegância dos pregos,
a cidade de Córdoba,
o arame dos insetos.



Murilo Mendes, por sua vez, escreveria em "Córdova", do livro Tempo espanhol (1959):


Toda nervo e osso, contida
Em labirintos de cal
E em pátios de vida secreta,

Córdova áspera e clássica
Alimentada de África.



Fora da mesquita-catedral, caminhei um pouco, sentei-me diante das Muralhas dos Reis Cristãos (Murallas de los Reyes Cristianos) e comecei um poema, tentando dar conta daquele soco. Não consegui, mas quero seguir trabalhando nele.


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MADRI, então.


Cheguei a Madri com tudo isso na cabeça. Fiquei hospedado na casa da poeta espanhola Ajo, minha querida, que pratica um minimalismo-soco todo ético e prático à sua própria maneira, ainda que muito diferente do de Cabral. Veja abaixo um dos poemas de Ajo em tradução minha e no original:


Fechaduras de cinzas,
cicatrizes com zíper
e lágrimas de alumínio,
embrulhado em algodão
carrego o que me falta.


Cerrojos de ceniza,
cicatrizes con cremallera
y lágrimas de hojalata,
envuelto en algodones
llevo lo que me falta.



Visitei algumas livrarias e fiquei namorando milhares de livros que queria muuuuito poder trazer da Espanha para a Alemanha, mas não podia comprar muita coisa. Além de algumas antologias de poesia medieval espanhola (os estupendos poetas árabes, judeus e occitanos da península), queria encontrar o romance Tadeys, do argentino Osvaldo Lamborghini (1940 - 1985), mas não consegui encontrá-lo em qualquer livraria. Como estava na Espanha, achei por bem ler um espanhol e acabei comprando um romance do Enrique Vila-Matas, a quem ainda não tinha lido. Não sabia qual, e acabei optando por Bartleby Y Compañía (2001), pois (sendo bem sincero) era curto e eu sabia que mesmo que acabasse não gostando do trabalho ou estilo de Vila-Matas, o livro seria ao menos entertaining. É que confesso que as resenhas e artigos que tinha visto pela imprensa e blogosfera brasileiras nos últimos tempos me tinham dado uma certa canseira. Mas, ora, sabemos que nós escritores e poetas a-do-ra-mos ler historinhas de vida sobre outros escritores e poetas, não é mesmo? Já comecei a ler e estou curtindo. Há passagens realmente memoráveis e muito bem-escritas, como quando ele relata sobre a escritora que acabara paralisada por culpa de Robbe-Grillet e Barthes. É muito elegante e divertidíssimo. Escrevo mais quando terminar.

Passei a tarde no Museu Rainha Sofia (Museo Reina Sofía), pois da última vez que estive em Madri, apresentando-me justamente no próprio Reina Sofía, não tive tempo de visitar as exposições, ocupado com passagens de som e preparativos para a performance. Havia uma exposição muito boa com curadoria de Georges Didi-Huberman chamada Atlas. ¿Como llevar el mundo a cuestas?, partindo da biblioteca-conceito de Aby Warburg para criar uma coleção de trabalhos entregues ao trabalho atlético de catalogar o mundo, uma ânsia taxinômica e taxidérmica, nominalista, não sei. Era bem boa.





Vi também uma pequena exposição do argentino Roberto Jacoby que me interessou muito. Não conhecia seu trabalho.





Vi ainda, é claro, as salas permanentes com Picasso e Dalí, os velhotes datados. Estas não me interessaram muito. Encontrei-me então com Ajo e fomos gravar minha entrevista para seu programa de rádio semanal, para o qual convida poetas, artistas e músicos para apresentarem suas canções favoritas e, é claro, dar uma canjinha do próprio trabalho. Li meu poema "Texto em que o poeta celebra o amante de vinte e cinco anos" na tradução de Cristian De Nápoli para o castelhano, e comentei as seguintes canções divescas:


"Sat in the lap", Kate Bush.
"Gloria", Patti Smith.
"Iceblink Luck", Cocteau Twins.
"Amor, meu grande amor", Ângela Ro Ro.
"Is this desire", PJ Harvey.
"Cowboys", Portishead, na voz da magnífica Beth Gibbons.


Ajo gravou também, na mesma ocasião, o programa que irá ao ar uma semana antes do meu, com o cantautor dominicano Alex Ferreira, muito simpático.





Saímos da gravação e fomos para a Libreria Buena Vida, onde ocorria a apresentação do primeiro romance do poeta Carlos Pardo, que conhecera em Berlim no ano passado, em um evento do Instituto Cervantes. Carlos Pardo, que nasceu em 1975, é um dos poetas mais respeitados de sua geração, também editor, crítico literário e organizador de eventos na capital espanhola. Já escrevi sobre ele aqui.


El retrato español
Carlos Pardo

Son periferia,
no vienen de muy lejos.
Abre el grupo
una mujer, terrosa
la barbilla
por una quemadura
-chándal,
cazadora de cuero-
con un surco de carne
enroscado a la oreja.
Esperan la apertura
del museo.
Vienen a reconocerse.

Los que son como yo
o son yo sobrellevan
cada uno
la carga del más próximo.
Nos deprimimos juntos.
Celebramos
el anhelo aplazado,
y si nuestro retrato suma invariablemente cero
y la lluvia de fondo natal nos anonada,
no querremos cumplirlo.

En el origen
una mesa ridícula.
Paredes amarillas
con recortes de prensa.
Al ritmo episcopal de los equinos
del paseo, un hombre inútil mezcla
amor e ideología.

Nosotros no
tenemos hogar.
Hacemos cola
bajo el apóstol pintor.
-Otro con tentaciones.
-Es el mismo.




Pardo estreia agora como prosador. A discussão foi interessante. Depois, reunido em roda com Pardo, a poeta madrilenha Sandra Santana e com o poeta e tradutor peruano Martín Rodríguez-Gaona, o romancista Andrés Barba, que conheci ali, virou para mim e começou a perguntar sobre uma "importante escritora brasileira" que havia ficado famosa apenas com seu diário. É que o romance de Carlos Pardo usa muitos elementos da literatura memorialística, e a conversa rodava por "autobiografia como gênero literário". Não conseguia pensar a quem ele se referia. Disse eu que os escritores brasileiros mais famosos por sua memorialística eram Joaquim Nabuco e Pedro Nava. Só fui perceber de quem ele falava quando ele mencionou que a autora havia sido traduzida por Elizabeth Bishop para o inglês: só podia se tratar de Helena Morley e seu Minha Vida de Menina (1942). Fiquei muito impressionado que esta escritora brasileira pipocasse em uma conversa na Espanha. Confessei não haver lido o livro, recomendei a eles Nabuco e Nava, e, como a discussão naquele momento havia guinado para autobiografismo fictício e ciladas da memória, que lessem Dom Casmurro, o que, de qualquer maneira, já deveriam ter feito.

Havia marcado de me encontrar ali com minha amiga, a já mencionada Sandra Santana, excelente poeta, historiadora literária, crítica e tradutora. Já traduzi poemas dela para a Modo de Usar & Co.. Sandra tem-se firmado como uma das personalidades poéticas e críticas mais importantes de sua geração, especialmente em Madri. A prestigiosa editora Acantilado acaba de lançar, numa bela edição, seu importante estudo crítico e histórico El laberinto de la palabra: Karl Kraus en la Viena de fin de siglo (Barcelona: Acantilado, 2011).





Ela me presenteou com um exemplar, quero muito lê-lo. Sandra já lidara com Karl Kraus antes, traduzindo e publicando em 2005 uma antologia de poemas do austríaco. No ano passado, Sandra ganhou um importante prêmio literário espanhol por sua tradução ao espanhol da obra poética completa do também austríaco Peter Handke. Nós dois compartilhamos o interesse e paixão pela poesia de outra austríaca, a maravilhosa Friederike Mayröcker.

A própria Sandra Santana é dona de uma das mais sutis e inteligentes vozes poéticas contemporâneas dentre as que tenho a sorte de conhecer. Leia abaixo um exemplo, em minha tradução e no original, texto de que gosto muitíssimo:



Rupturas dissimuladas sob uma carinha sorridente

Sempre detecto um gesto
de incredulidade
quando conversamos sobre os frágeis mecanismos
ocultos sob uma aparência infantil.

Como você não crê neles, derrubou-o
e me encarou triunfante
ao ver a superfície intacta apesar do impacto.

Imagine o que senti ao erguê-lo
e escutar esta peça solta em seu interior.


:


Rupturas disimuladas tras una carita sonriente
Sandra Santana

Siempre detecto un gesto
de incredulidad
cuando te hablo acerca de los frágiles mecanismos
ocultos tras una apariencia infantil.

Como no crees en ellos, lo dejaste
caer y me miraste victorioso
al ver su superficie intacta a pesar del impacto.

Imagina lo que sentí al recogerlo
y escuchar esa pieza suelta en su interior.




No dia seguinte, tomei café com meu amigo Alexander Ossia, revi Sandra Santana e visitei uma ótima exposição de vídeoarte na Caixa Forum, com trabalhos (muito, muito, muito bons) de Julian Rosefeldt ("Lonely Planet", 2006); Isaac Julien ("Fantôme Créole", 2005); Runa Islam ("Tuin", 1998); Kerry Tribe ("Double", 2001); Paul Chan ("1st Light", 2005); Omer Fast (Godville, 2005); Mungo Thomson ("New York, New York, New York, New York", 2004); e Ian Charlesworth ("John", 2005).





§ - BERLIM, agora.


Voltei a Berlim. Está friíssimo. Mas hoje é quarta-feira e pretendo me acabar de dançar (e beber para comemorar que tudo fora bem na Espanha) na nossa SHADE inc enquanto escuto o meu amigo (e homem lindo) Uli Buder, mais conhecido como Akia, discotecando.





Uli Buder é um dos músicos mais talentosos que tenho a sorte de conhecer, principalmente porque posso abusar do seu talento e colaborar com ele. Para a peça vídeo-textual que criei para a performance em Córdova, Uli foi responsável pela parte sonora. Acima, você pôde ver um vídeo da primeira vez que ele tocou ao vivo no meu evento das quartas-feiras, em 2009.





Quanto à peça para as Soledades, acho que só na semana que vem. É bom estar em casa, com as baterias recarregadas.


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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Na sala de estar da vanguarda berlinense e trazendo a vanguarda berlinense para a minha sala-de-estar

Ainda estou me recuperando da noite de ontem, após discotecar na festa do duo de artistas escandinavos Elmgreen & Dragset, por ocasião da estreia de um documentário sobre eles no Festival de Cinema de Berlim, ou Berlinale, como todos aqui chamam o festival. O documentário acompanha a produção da mega instalação que o duo montou nos Pavilhões da Dinamarca e Finlândia na Bienal de Veneza em 2009.


Uma das minhas favoritas dentre as obras do duo Elmgreen & Dragset.


Toquei a convite deles para celebrar o lançamento, acompanhado nas turntables por Justin Case e Open Mike, os dois promoters da festa Pet Shop Bears, uma das melhores de Berlim (ao lado da que eu organizo, óóóbvio).


Um dos excelentes flyers da festa berlinense mensal Pet Shop Bears.


Hoje terei uma noite super corrida. Às 8 da noite faço uma leitura de meus poemas no bar/cabaré/clube noturno Salon zur Wilden Renate (algo como Salão da Renata Selvagem). É um evento mensal que convida poetas e prosadores para leituras de seus textos, dando a eles a escolha de convidar um músico para a noite. Convidei meu amigo Uli Buder, mais conhecido como Akia, com quem já colaborei e que toca com frequência na minha festa semanal.



Uli Buder apresentando-se como Akia.


Saindo da leitura, corro para a minha segunda sala-de-estar, o clube Neue Berliner Initiative, onde organizo às quartas-feiras a SHADE inc. Estou muito orgulhoso do programa de hoje: o artista visual e sonoro canadense Jeremy Shaw, também conhecido como Circlesquare, fará uma discotecagem. Abaixo, você pode ver o vídeo de sua canção "7 minutes", que eu pessoalmente acho meio assustador.



Jeremy Shaw a.k.a. Circlesquare - "7 minutes"


Teremos também uma apresentação colaborativa dos artistas sonoros Steven Warwick (Birds of Delay / Heatsick) e Laurent Gérard (El-g). Eles chamaram o projeto de Gérard Lavender. Abaixo, você pode ver vídeos de apresentações solo dos dois.



Steven Warwick apresentando-se como Heatsick.

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Laurent Gérard apresentando-se como El-g.


Encerra o programa de hoje na SHADE inc meu amigo Marius Funk, um dos meus DJs favoritos.


Mixagem de Marius Funk.

Amanhã, dormir até o dia virar noite e a noite virar dia!

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Apropriação e paródia: cartaz de FEVEREIRO para a SHADE inc, a partir de um original de Annie Leibovitz, mais as atrações principais do mês

Convite e cartaz de fevereiro 2011 para nosso evento às quartas-feiras, SHADE inc, iniciado em abril de 2010, para substituir a antiga Berlin Hilton. Como já escrevi aqui, o conceito para os cartazes e convites segue a apropriação, reencenação ou paródia de imagens fotográficas conhecidas do século passado, da arte ou do fotojornalismo. Concebidos e produzidos pelo coletivo SHADE (em ordem alfabética: Daniel Reuter, Niklas Goldbach, Oliver A. Krüger, Ricardo Domeneck e Viktor Neumann), e então fotografados em geral por N. Goldbach ou D. Reuter. Esta fotografia, reencenando, apropriando-se e parodiando a conhecida foto comercial de Annie Leibovitz, foi feita por Niklas Goldbach.

Clique na imagem para aumentá-la.




Fevereiro de 2011. Concebido pelo coletivo SHADE, fotografado e produzido por Niklas Goldbach.



Para quem não reconhece a foto, veja a original, um retrato de Mark Wahlberg, então ainda chamado de Marky Mark, feito por Annie Leibovitz para a campanha publicitária da Calvin Klein, aqui. Na foto: o ator alemão Daniel Zillmann.

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Nos divertimos muito concebendo e produzindo o flyer deste mês. A foto original talvez seja uma das fotos mais icônicas da publicidade nos anos 90. Marky Mark se tornaria ainda de forma surpreendente o ator Mark Wahlberg.


O programa de fevereiro de 2011 para a SHADE inc inclui:

§ - DJ set com Jeremy Shaw, o artista visual e sonoro por trás do codinome Circlesquare:



"Fight sounds pt 1", do músico eletrônico canadense Circlesquare. DJ set na "SHADE inc" no dia 16 de fevereiro de 2011.


§ - DJ set com Joyce Muniz, vocalista e DJ brasileira com residência em Viena.


Joyce Muniz - "Party over here, Party over there" (Exploited Records). DJ set na "SHADE inc" no dia 9 de fevereiro de 2011.


§ - DJ set com Uli Buder, mais conhecido como Akia.


Uli Buder, mais conhecido como Akia, apresentando-se ao vivo em Berlim. DJ set na "SHADE inc" no dia 23 de fevereiro de 2011.


§ - DJ set com Florian Pühs, produtor, vocalista e letrista alemão.

LEVEL020 by florianpuehs
"Level 20" - Florian Pühs. DJ set na "SHADE inc" no dia 23 de fevereiro de 2011.


§ - DJ set com Marlon Beatt, jovem DJ alemão, apresentando-se com o projeto Three Hours of Love (Los Angeles / Berlin).

"Detroit Beatdown" by Marlon Beatt by Marlon Beatt
"Detroit Breakdown", mix de Marlon Beatt. DJ set na "SHADE inc" no dia 2 de fevereiro de 2011, HOJE.


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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Apropriação, reencenação, paródia: cartazes de dezembro e janeiro da SHADE inc

Convites e cartazes de janeiro 2011 e dezembro 2010 para nosso evento às quartas-feiras, SHADE inc, iniciado em abril de 2010, para substituir a antiga Berlin Hilton. O conceito para os cartazes e convites segue a apropriação, reencenação ou paródia de imagens fotográficas conhecidas do século passado, da arte ou do fotojornalismo. Concebidos e produzidos pelo coletivo SHADE (em ordem alfabética: Daniel Reuter, Niklas Goldbach, Oliver A. Krüger, Ricardo Domeneck e Viktor Neumann), e então fotografados em geral por N. Goldbach ou D. Reuter. A fotografia de dezembro foi feita por Benjamin Schnepp.

Clique nas imagens para aumentá-las.


Janeiro de 2011. Concebido pelo coletivo SHADE, fotografado e produzido por Niklas Goldbach.



Para quem não reconhece a foto, veja a original, um retrato de Dean Martin e Jerry Lewis (de 1951), feito pelo incrível Philippe Halsman (1906 - 1979), aqui. Na foto: o próprio Niklas Goldbach.

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Este é um dos meus favoritos, de todos os que já fizemos. Concebido pelo coletivo, foi lindamente executado por Niklas Goldbach, o membro mais visualmente talentoso do nosso grupo, encaixando-se perfeitamente no trabalho est-É-tico que ele vem realizando no seu próprio trabalho pessoal. Veja abaixo excertos do último vídeo de Niklas:


TEN (excerpts) from Niklas Goldbach on Vimeo.




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Dezembro de 2010. Concebido pelo coletivo SHADE, fotografado por Benjamin Schnepp.



Para quem não reconhece a foto, veja a original, retrato famoso do estilista Yves Saint Lauren, aqui. Na foto: Dominic Hauser. Nosso amigo Dominic é bonito demais para que possamos chamar esta foto de "paródia". É uma reencenação... daquelas bem bonitas de se olhar.




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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Hoje à noite, Max Hattler (Londres) e Uli Buder (Berlim) como convidados especiais na "SHADE inc"

Quarta-feira, dia do coletivo Shade atacar em Berlim. Esta noite, em nosso desbunde semanal aqui na capital alemã, o artista visual (e um dos melhores VJs da Europa) no comando das imagens na SHADE inc, our own private Cabaret Voltaire no clube Neue Berliner Initiative.

Max Hattler - excerto da premiada animação "Spin"



Seu trabalho consegue fazer política em plena abstração de forma inteligente. A animação "Collision", usando motivos de bandeiras islâmicas e da americana, parece-me um exemplo emblemático neste sentido.


Max Hattler - "Collision"



Max Hattler vive em Londres e já mostrou seu trabalho nos maiores festivais do continente.


Max Hattler - "1925 a.k.a. Hell", inspirado pelo trabalho de Augustin Lesage (1876 - 1954)


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Max Hattler - "1923 a.k.a. Heaven", inspirado pelo trabalho de Augustin Lesage (1876 - 1954)


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Max Hattler - "Drift"

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Enquanto ele cuida do visual, meu querido amigo e talentosíssimo músico Uli Buder, que se apresenta com o codinome Akia, estará cuidando do sonoro.


Uli Buder, mais conhecido como Akia - "Kuku"


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Hoje à noite, na SHADE inc.



www.shade-inc.de



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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Apropriação e paródia: cartaz de NOVEMBRO para a SHADE inc, a partir de um original de Larry Clark, com pequena conversa sobre a fotografia dos 70

Convite de novembro para os eventos semanais da nossa SHADE inc

Convite e cartaz de novembro para a SHADE inc, nosso evento semanal às quartas-feiras. Alguns não entenderam bem a ideia na última postagem que fiz a respeito, achando que estas paródias eram o projeto em si. O projeto é um evento, algo que ocorre todas as quartas-feiras, com DJs, e às vezes performances, concertos, instalações. Estes são os convites e cartazes, feitos pela apropriação, reencenação e paródia de imagens fotográficas conhecidas do século passado, da arte ou do fotojornalismo.

O cartaz deste mês foi concebido e produzido pelo coletivo SHADE (em ordem alfabética: Daniel Reuter, Niklas Goldbach, Oliver A. Krüger, Ricardo Domeneck e Viktor Neumann), e fotografado por Niklas Goldbach, a partir de uma foto original do norte-americano Larry Clark, nascido em Tulsa, Oklahoma em 1943. No Brasil, creio que o americano é mais conhecido como cineasta, especialmente por seu filme Kids (1995), que se tornou notório ao lidar com o problema da AIDS entre adolescentes, em um estilo documental que se tornaria comum na década seguinte, esta que agora se encerra.



No entanto, desde a década de 70, Larry Clark já documentava como fotógrafo a juventude abandonada pelo sonho americano. Em 1971, ele estreia com a publicação do livro Tulsa, fotografado entre amigos e conhecidos da sua cidade natal.


Larry Clark, fotografia do livro Tulsa (1971)


Com esta publicação, podemos unir Clark a outros fotógrafos da década de 70, que também encontrariam entre seus amigos nos subterrâneos das cidades uma vida marginal, escorrendo paralela à das revistas e colunas sociais. É o caso da também americana Nan Goldin (n. 1953), do japonês Nobuyoshi Araki (n. 1940), e do suíço Walter Pfeiffer (n. 1946).


É claro que eles não inventaram a fotografia sociodocumental entre os indivíduos excluídos do jogo político e social de suas comunidades, já que encontramos algo disso desde o alemão August Sander (1876 - 1964), passando pelas americanas Lisette Model (nascida na Áustria, 1901 – 1983) e Diane Arbus (1923 - 1971), mas até então o fotógrafo parecia manter-se fora do jogo; ele documentava, mas sem qualquer envolvimento emocional com seus retratados. A maneira como estes fotógrafos da década de 70 (Clark, Goldin, Araki, Pfeiffer, entre outros) pareciam estar envolvidos e pertencer aos retratados, assim como seu abandono de qualquer pudor ante o jogo sexualizado no qual a lente de suas câmeras faz-se mais uma camada da epiderme, seriam centrais para sua influência sobre fotógrafos do fim da década de 70 e através da década de 80, dos quais Robert Mapplethorpe (1946 – 1989) e Mark Morrisroe (1959 - 1989) poderiam ser discutidos como exemplares. É essa genealogia também que nos leva a compreender melhor o trabalho de fotógrafos dos últimos 20 anos, como Wolfgang Tillmans, Collier Schorr, e Heinz Peter Knes, ou, nos últimos poucos anos, Brett Lloyd e Adelaide Ivánova.

Algum dia quero escrever sobre essa relação de envolvimento emocional com os retratados, este pertencimento, para discutir na verdade o trabalho de um fotógrafo que seguiu uma linha que tanto tangencia como elide esta narrativa: o brasileiro Alair Gomes (1921 - 1992), com sua prática de fotógrafo-voyeur. A um operário visual como eu, fazendo meus pequeninos e desimportantes videorretratos de moços e moças aqui em Berlim, esta discussão interessa.

Abaixo, o original de Larry Clark do qual nos apropriamos, reencenamos e, de certa forma, parodiamos em gender guerrilla.


Larry Clark, do livro The Perfect Childhood (1993)

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terça-feira, 12 de outubro de 2010

Uma performer islandesa na SHADE inc: Berglind Ágústsdóttir

Berglind Ágústsdóttir

A convidada especial desta quarta-feira na SHADE inc, para aquilo que chamamos de midnight session (que é a parte mais Cabaret Voltaire do nosso evento, evento que logo descamba para uma festa bêbada), é a performer/cantora islandesa Berglind Ágústsdóttir.



("husid a antmannstignum", da islandesa Berglind Ágústsdóttir)


Tenho mantido contacto à distância com ela há alguns meses, e há tempos queríamos fazer algo juntos. Ela já colaborou com bons amigos meus na Islândia, o duo Hellvar (a cantora Heida Eiríksdóttir e o músico Elvar Saevarsson), que já musicou e vocalizou um texto meu.



(Berglind Ágústsdóttir em colaboração com o duo Hellvar, ao vivo em Berlim)


Bom, vou fazer o quê? Eu tenho uma queda por islandeses...

Completando a noite, DJ sets do italiano Massimiliano Pagliara, do canadense Dickey Doo e dos meninos berlinenses do A-Team (Jacob Bauernfeind e Carl Luis Lange).



("poppvisur", da Berglind Ágústsdóttir)

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