terça-feira, 29 de novembro de 2011

A caminho da Bélgica para as últimas leituras no Europalia


Embarco dentro de poucas horas para a Bélgica, onde faço minhas últimas leituras dentro do Festival Europalia. Estarei acompanhado em cada uma das quatro leituras por Francisco Alvim, Lu Menezes e Marília Garcia. As cidades em que lemos são Gante (Gent/Ghent), Antuérpia, Namur e Bruxelas. Tentarei escrever um pouco sobre as leituras por lá.

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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

"Vai, meu filho, sacode em cima e dá a volta na poeira, pois teu nucleus accumbens já está com teia-de-aranha", diz-me Rocirda cantando Azealia Banks



212
Azealia Banks

Hey, I can be the answer
I’m ready to dance when they vamp up
And when they hit that dip get your camera
You can see when that bitch sets the pamper
And get in that young sister beacon
The bitch who wants to compete and
I can freakin fit that pump with the peep in
And you know what your bitch become when her weaved in
I just wanna sip that punch with your peeps and
Sit in that lunch if your treating
Kick it with your bitch who come from...
You knows where to get mine from in the season
Unless you wanna lick my plum in the evening
And flick that tongue, tongue d-deep in
I guess that cunt getting eaten
I guess that cunt getting eaten
I guess that cunt getting eaten
I guess that cunt getting eaten
I guess that cunt getting eaten

I was in the 212 on the uptown
Hey nigga nigger, you know what's up or don’t you?
Wonder who made ya
I’ma rude bitch nigga nigger, what are you made up of
I’ma eat your food up, boo
I could bust your 8, I’ma do one too
Fuck it
When you do make bucks
I’ma look right, nigga nigger, I bet you do want to fuck
Fuck 'em like you do want to come
...you discovered I'm a 212
Cock-a-licking in the water...
Caught the warm goo and you do right too son
Nigga Nigger, you’re a cooler dude
Plus your bitch might lick it
Wonder who let you come 212, what do you...son
Fuck are you in to, huh?
Niggas Niggers better do run run
You could get shot homie if you do want to
Put your guns up
Tell your crew don't front
I'm a hoodlum nigga nigger
You know you were too once
Bitch about to blew up to
I’m the one today
I’m the new shit too
Yeah I’m Rapunzel
Who are you bitch, new lunch?
I’ma ruin you cunt!
Find More lyrics at www.sweetslyrics.com
I’ma ruin you cunt!
I’ma ruin you cunt!
I’ma ruin you cunt!

Ayo, ayo
I heard you’re riding with the same tall, tall tale
Tell him I made some, made some
Saying you’re grinding but you ain’t going nowhere, nowhere!
Why procrastinate girl?
You gotta lie, but you just waste all yourself
They'll forget your name soon, name soon
And want nobody be the same as yourself, yeah

What you gonna do when I ain't up there
W-when I premier
Bitch the end of their lives are there
This ship ain’t mine, mine!
What you gonna do when I ain't up there
W-when I premier
Bitch the end of their lives are there
This ship ain’t mine, mine!

Bitch I’m in the 212
With the fifth cock nigga nigger
Its the 212
Fuck your gun, dude!
When your goons sprayed up
Bet his bitch won't get him
Betcha you won't do much
See, even if you do want to bust
Your bitch ... and touch your crew up to pop
You’re playing with your butter like you do want to cock the gun too
Where did you eat too, hun?
And fuck him with your cutie-cue ...
What’s your dick like homie?
What are you into?
What’s the run dude?
Where do you wake up?
Tell your bitch, "Keep hating"
I'm a new one too, huh
See I remember you when you were the young new face
But you do like to slumber don't you
Now you blew up too hun
I’ma ruin you cunt!
I’ma ruin you cunt!
I’ma ruin you cunt!

What you gonna do when I ain't up there
W-when I premier
Bitch the end of their lives are there
This ship ain’t mine, mine!
What you gonna do when I ain't up there
W-when I premier
Bitch the end of their lives are there
This ship ain’t mine, mine!



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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Entrevista e antologia mínima


Guilherme Gontijo Flores, um dos editores da página escamandro, conduziu uma pequena entrevista comigo por ocasião do lançamento do meu livrinho Cigarros na cama (Rio de Janeiro: Berinjela, 2011), acompanhada do que chamei de antologia mínima, com poemas dos meus cinco livros: Carta aos anfíbios (2005), a cadela sem Logos (2007), Sons: Arranjo: Garganta (2009), Cigarros na cama (2011) e Ciclo do amante substituível (no prelo). Completam a postagem cinco dos meus vídeos. A quem possa interessar:




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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Traduções para dois poemas do austríaco H.C. Artmann (1921 - 2000)

Hans Carl Artmann, mais conhecido como H.C. Artmann, está entre os poetas germânicos do pós-guerra que eu mais amo. Bastante conhecido no âmbito de língua alemã, creio que tenha sido pouco traduzido, talvez por sua linguagem tão específica, muito marcada pelo dialeto vienense, escrita vocalizável, sua poesia parece por vezes conseguir a façanha de operar uma espécie de experimentalismo coloquial. Os dois poemas abaixo estão entre meus favoritos. Traduzi-os há alguns anos, a partir da minha ideia de transcontextualização, já que muito da poeticidade do texto vem de um jogo muito sutil de linguagem, bastante marcado pelo contexto histórico e cultural do poeta. Tentei recriar alguns dos jogos linguísticos em português, mas num português muito pessoal, o do interior de São Paulo onde cresci. Espero que vocês tenham algum prazer com minhas traduções/contextualizações e que elas os ajudem a descobrir um pouco sobre este poeta vienense fenomenal, H.C. Artmann.


H.C. Artmann nasceu em Viena, em 1921. A partir de 1947, seus textos começam a ser divulgados pelo rádio e na revista Neue Wege, além de fazer várias leituras no lendário Art Club. Em 1952, une-se aos poetas Gerhard Rühm, Konrad Bayer, Friedrich Achleitner e Oswald Wiener, todos mais jovens que ele, com quem forma o que ficou conhecido como Wiener Gruppe (Grupo de Viena). Seu trabalho com a oralidade e o dialeto vienense teria grande influência sobre os seus companheiros. Em 1958, ano em que se distancia das performances e intervenções do Grupo de Viena, Artmann publica a coletânea de poemas dialetais med ana schwoazzn dintn, que viria a se tornar um dos livros de poemas mais populares da Áustria. Poeta e prosador, H.C. Artmann traduziria ainda François Villon para o "vienense" no volume Baladn. Nas décadas que se seguem, estabelece-se como um dos poetas centrais na Áustria do pós-guerra. Teve um papel importante na revalorização da obra dos poetas germânicos de vanguarda do entre-guerras, como Hans Arp, Hugo Ball, Raoul Hausmann e Richard Huelsenbeck. Publicou, entre outros, os livros verbarium (1966), Die Anfangsbuchstaben der Flagge (1969), Das im Walde verlorene Totem (1972) e Aus meiner Botanisiertrommel (1975). O poeta recebeu o Georg-Büchner-Preis em 1997. H.C. Artmann morreu em Viena no ano 2000.



Dois poemas de H.C. Artmann
publicados no número impresso de estreia
da Modo de Usar & Co.



querida idolatrada orquídeanil prima ballerina
de chemnitz a missiones poughkeepsie u.r.s.s. recommandé
à senhora eu envio esta carta de amor
para que possa encaixá-la em seu lac de cygne
como um pássaro sibilante a mais a migrar
na pejada concha do céu junino da ômegabóboda
no recém-restaurado átrio da sinfônica do estado aleluia
eu sou em verdade um sem-vergonha um sacropândego
um heitor vira-copos a patinar campinas
por ousar dirigir esta carta a seu pas
de deux
mas eu nada exijo não eu tão-só peço-lhe
que aceite as pérolas que lanço a seus corpos
todos os seus sonhos misericordiosa sra.! saúdo-a! sua bença!
minha filiforminha escrita à pena minha carta em claro
minha extraordinária orig. pat. insígniaficante
como nada mais peço-lhe que a aceite como
um homem de princípios um rolls royce 59 uma ferrari 60
polidactilocomotiva a engatinhar para las vegas tou-tou
tou-tou tou-tou
uma banheira sob-medida no maksoud em são paulo
um swing em pub & cócegas em núcleos ricos de novela
em alphaville em estilo casa-grande-e-bengala do eng. arq.
e urbanista komudyabusxamavaoblableblufu-
lanim
e caso tudo isso não lhe chegue aos pés pois seja
ainda
uma diva radiante em sua próxima performance
a 23 deste 19h30 em ponto horário de brasília
merda merda merda
e uma ovação entre 69 cortinas e chuva de
rosas champagne
deus sobre os montes! o que deveria nem tudo
e que por certo nem tudo será minha epistolazinha
minha clara-neve
minha belíssima
minha fofa
minha tu tu
minha toda toda papoulacreponizada
via aérea par avion luftpost u.a.m.
no trajeto entre aa & bee

(tradução de Ricardo Domeneck)

§

liebe verehrte orchideengrüne primaballerina
aus windsor am kamp massachusetts udssr recommandé
ich sende ihnen diesen liebesbrief
dass sie ihn in ihren lac de cygne einbauen können
als eine anmutig zischende schwalbe mehr
am perlgrauen septemberhimmel am ultimobaldachin
der neurenovierten staatsopernpassage allelujah
ich bin ein schamloser in wahrheit ein höllsakra
ein johann sebastian orth am örthersee auf rollschuhen
weil ich es wage diesen brief an ihren pas de deux zu
richten
aber ich befehle ihnen nichts ja ich bitte sie nur
meine ezzes hinzunehmen als das was sie sein wollen
alles was sie lieben gnädiges frl! prost du! servus!
mein federgeschriebener schlankerl mein weisser brief
mein ausserordentlich orig. pat. petschaftberühmter
als nichts andres bitt ich sie ihn hinzunehmen als
einen mann mit grundsätzen einen mg 59 einen jaguar 60
eine elfenixbeinerne locomotive 230 ph nach las vegas toi
toi toi
ein schlüsselfertiges badezimmer im berliner hilton
ein ballet rose auf groschenstöckeln und eine filmwohnung
in döbling im dehmelschokoladetortenstil von dipl. arch.
und stadtbaumeister woswasdardeiföwiarahastdeadschu-
schdea
und wenn das alles noch nicht genug sein soll dann sei er
noch
ein strahlendes leitstarlet über ihrem nächsten auftritt
am 23. ds. um punkt 19 uhr 30 mitteleuropäischer zeit
spuck spuck spuck
und ein applaus mit 69 vorhängen und regnenden tee-
rosen dazu
gott über den berg! was soll les nicht alles
und was wrid es nicht alles sein mein briefchen
mein crèmeweisses
mein hübsches
mein zartes
mein du du
mein durch & durch veilchencrêpegefüttertes
luftpost par avion via aerea u.a.m.
auf der strecke zwichen aa und bee



§§§




sob uma araucária kircheriana eis que sansão
o da juba em madeixas e dalilás a violetíssima

restauram sua paixão semi-afogada em estuquoceano
fosfóreas crepitam as gramíneas no matagal em redor

e canários portam nos bicos campanuláceos
a aproveitar a ocasião para exibir emblemas

mesmo davi o da estrela e golias o arquiquelôneo
trazem hoje equilibradas oferendas de pazes

como cacetetes de látex estilingues de origami
figas generosas e revólveres de amianto

(meu caro amigo isto significa cuidado
caso gozem disparos mas nem fazem caso

sao de amianto as coisas..)
o rabino de rzeszów e pato donald a sophisticated jew

ombreiam seus empoeirados fogos de armistício
e disparam a galopes holofotes e fumações de anéis anis

marlboro gauloises philip morris de 2 – 5 reais o maço
engatilhados após o rosiclérigo matinar teletúbico

uma ou duas hosanas pela tierra del fuego da rep. chile
que tal relíquia de quarta-feira assegure um cantinho

exclusivo nos anais de sutilíssimos eventos
sob uma araucária kircheriana musgolpeiam-se na horizontal

sansão e dalilás em uma orgisséia feito peixes
a morrer pela boca de sede ao pote deitam-se dualmente

com a única diferença que dalilás a violetíssima
ao fim não há de esgoelar em asfixia ao engolir

toma oh gentle reader de flip-e-ramas dentalha teu espanto
pois nosso tempo humanizou-se após uma era de fábulas

(tradução de Ricardo Domeneck)


§


unter eine araucaria kircheriana haben samson
mit dem löwenhaar und dalilah die sehr violette

ihre fast im mörtelozean ertrunkene liebe restauriert
hellauf knistern die gräser der wildnisse rundum

und lerchen tragen glockenblumen in ihren schnäbeln
um sich aus diesem anlass mit emblemen zu zeigen

selbst david mit dem stern und goliath erzbeschuppt
bringen heute ausgewogen versöhnliche geschenke

wie keulen aus gummi schleudern aus papierschlangen
hirschlederne amulette und pistolen aus asbest

(mein lieber freund da heisst es aufpassen
wenn die einmal losgehen aber sie tun s nicht

sind aus asbest die dinger..)
der rabbi von rzeszów und donald duck a sophisticated jew

haben ihre langvergrabenen böllerrifles geschultert
und schiessen im vorbereiten ein salut blauer rauchringe

ritmeester partagas willem de tweede zwichen ös 10-18 per stück
nach den mattrosa geladenen peynetkuppeln der morgenluft

ein bis zwei hosannah für das feuerland der freien republik chile
dass diesen grossen mittwoch auf einem vorreservierten plätzchen

in den annalen für subtilere ereignisse verzeichnen wird
unter einer araucaria kircheriana liegen mooszerstörend

der samson und die dalilah in einer marathoncopulation
wie hühnchen und hähnchen am nussberg liegen sie da die zwei

nur mit dem unterschied dass dalilah die sehr violette
schliesslich doch nicht ersticken wird an dem geschluckten

toma oh gentle reader aus read im innkreis zerbeiss deine furcht
denn unsere zeit ist humaner geworden nach einer ära der fabeln

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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"A arte do insulto", mesclado ao "Aviso aos machos-alfa que frequentam este espaço"


Queridos machos-alfa que frequentais este espaço,

em verdade em verdade vos digo, se o que quereis é ter minha atenção com limiar deficitário e debater comigozinho esta nobre prática chamada de (com direito a sighs e ais) la poésie, aconselha-se que eviteis começar a conversa chamando-me de bucha laica, vAdIO ou outras machices testosteronizadas brasileirosas. Tampouco será produtivo se, logo após o evocativo vocativo, vós fizerdes referências clichéticas ou hackneyed redneck jokes sobre o uso que faço, protegido por alguns Tratados, de minhas mucosas. Ora, as mucosas são minhas e faço delas o que bem me dá na telha ou bem me come nas Tulherias.

Tal prática tediosa de vossa senhoria terá como efeito tão-somente que eu passe doravante a regiamente ignorar-vos, como uma verdadeira e suprema Queen Bitch, a não ser que adicioneis aos formulários de vossos insultos também vossas fotografias, e que, dependendo de vossa beleza provar uma possível utilidade vossa para o entretenimento de minhas glândulas, eu possa porventura aventurosamente imaginar outros usos para vossa existência em minha vida. Pois, como escreveu Rocirda Demencock, minha amiga, secretária, personal trainer e médium:

Gônada gônada vasta gônada,
se dissessem que "Ricardo é tola",
seria uma silepse, não seria uma ilusão.
Gônada gônada vasta gônada,

mais vasto é o meu tesão.


Rocirda Demencock, in O Júbilo da Jugular nas Mucosas Jocosas (no prelo, sempre no prelo).

É uma tragédia, porém, que vossa gigantesca maioria seja tão unattractive. Mas o insulto, queridíssimos machos-alfa sem os quais minha vida glandular e epitelial seria talvez mais entediante, é uma arte. Sugiro que pratiqueis, à frente do espelho, alguns witty chistes.

Há lições, no entanto.

§ - Vós podeis, como eu, assistir ao filme All About Eve 147 vezes, memorizando todas as falas de Margo Channing e Addison DeWitt. Mas é necessário então ser capaz de citá-las em situações variadas, encontrar o momento de encaixá-las, transformando-as e misturando-as, até que aprendais a fazer vossas próprias.




§ - Vós podeis ainda assistir 289 vezes ao filme Who´s Afraid of Virginia Woolf, memorizando as falas de Martha E George, aplicando-lhes então a mesma variação permutacional recomendada às falas de Channing e DeWitt.



§ - Vós podeis tornar-vos leitores assíduos de Fran Lebowitz.



§ - Ou vós podeis (e isso é muito difícil e requer baixar o nível de testosterona ou vós partireis para a pancadaria antes que a wit pouse em vosso crânio) tornar-vos mestres do reading e shade, expressões das bibas nova-iorquinas da década de 80, como pode ser aprendido no documentário Paris Is Burning (1990), do qual extraio um fragmento no qual a lendária Dorian Corey explica as práticas:




Perdoai-me se exagero em minha irritabilidade a beirar a de um ativista, mas o problema é que vos considero responsáveis por cada guerra ou ato de violência acontecendo neste exato momento no globo e na Globo. A culpa talvez não seja vossa, mas de vossas glândulas a expelir enlouquecidas uma hipérbole de testosterona por vossos poros porcos.

Os mais inteligentes saberão, é necessária a asserção, que "macho-alfa" NÃO é sinônimo de "homem branco heterossexual", ainda que este quadradinho do censo talvez constitua grande parte do sem-senso Clube do Bolinha-Alfa. Há machos-alfa de todas as raças, religiões, etnias, ideologias e, ora, mesmo de todos os gêneros e sexualidades, há até mulheres e bambis que são machos-alfa.

E é aqui, em meio a este artigo, que sinto um alvoroço em minha cachola, e me pergunto: será novamente o Incrível Embate entre Super Ego e seu arquiinimigo Ego?

É então que uma voz ressoa no quarto e declama com voz de poetastro:

___ Domeneck e Demencock, aqui quem fala é a sua Consciência!

___ Hã, nunca fomos apresentados, você tem cartas de recomendação?

___ Sim, de professores que o expulsaram de suas aulas, Sr. Pasolini e sra. Arendt, por exemplo, que me enviam com um recado e alerta.

___ Ôpa, o que tio Pier e tia Hannah têm a me dizer?

___ Oh, Domeneck e Demencock: que mesmo vocês por vezes se comportam como machos-alfa!


O quê?! Até eu, Brutas?!

Ah, terrível contradição nossa, cheios de traves nos olhos e querendo tirar dos olhos de nossos irmãos o cisco!

No entanto, devo aqui dizer, quanto a prováveis respostas contestosas a este textículo, alerto-vos que, a não ser que estejam à altura abismática de minha bitchice, comentário nenhum será selado, registrado, carimbado, avaliado, rotulado, se quiser voar, se quiser voaaar!

Será macho-alfa de minha parte?

Parto agora, para poder rir sozinho, sozinho, tão sozinho e com um gosto amargo na boca, entre minhas quatro paredes brancas.

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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ajude a deter a lei homofóbica e ofensa séria aos direitos humanos que o partido de Medvedev e Putin está tentando promulgar na Rússia

Ativistas pelos Direitos Humanos são presos por protestarem
contra o projeto de lei do partido de Medvedev e Putin



Amanhã, quarta-feira - 23 de novembro de 2011, líderes políticos em São Petersburgo votarão uma lei que poderá tornar ilegal escrever um livro, publicar um artigo ou falar em público sobre ser gay, lésbica ou transgênero. O partido do governo, liderado pelo Presidente Dmitri Medvedev e pelo Primeiro Ministro Vladmir Putin poderá, por meio de uma simples assinatura, silenciar e tornar milhões de pessoas invisíveis.

Defensores dos direitos humanos em toda a Rússia estão fazendo tudo o que podem para parar esse projeto de lei, muitos arriscando a sua liberdade ao organizar eventos na rua e protestos, mas temem que isso não seja o suficiente.

Ajude a deter esta ofensa séria contra os direitos humanos na Rússia, nação que é signatária de vários Tratados em defesa destes mesmos direitos, e cujo Governo atual precisa ser lembrado que seus cidadãos homossexuais estão protegidos sob estes mesmos Tratados.

Permitir que um cidadão ou grupo de cidadãos seja silenciado, sobre algo de natureza tão pessoal, é permitir que todos sejam silenciados, tanto sobre questões de vida privada como em questões políticas coletivas. Sei que mesmo no Brasil mulheres e homossexuais ainda não são protegidos no parágrafo da Constituição que proíbe a discriminação por questões como raça, ideologia ou religião (Brasil, país campeão na violência de gênero e sexualidade), mas hoje e amanhã podemos ajudar cidadãos russos a defenderem seus direitos.

Por favor, clique no link abaixo e assine a petição, uma chamada global para os líderes mundiais, para apelarmos aos oficiais do Governo Russo que rejeitem uma lei tão antidemocrática e discriminatória.:




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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Texto de Dirceu Villa sobre o desmantelamento da universidade pública, a repressão militar no Brasil de hoje, resquícios da ditadura que permanecem

NOVO CAPÍTULO NO PLANO DE DESTRUIR A UNIVERSIDADE PÚBLICA

por Dirceu Villa
O Demônio Amarelo, 20 de novembro de 2011


"Ah, tá vendo, tinha que ser: tudo baderneiro, maconheiro, filhinho de papai".


O governo pensa: "dessa vez vai"


O velho plano de acabar com a universidade pública em São Paulo, que não conta apenas com os anos recentes de democracia mas acha suas raízes no golpe militar de 1964, está a pleno vapor.

Mas é pior, naturalmente: é o triunfo de um tipo de mentalidade regressivo, péssimo sinal.

O melhor dos mundos possíveis: o homem biônico

OU talvez se trate, por outro lado, de uma ótima notícia: significaria que o governo resolveu o problema da segurança pública e não tem nada melhor para fazer com 400 policiais militares, helicóptero & demais aparatos repressivos do que mandá-los dar distração na Universidade de São Paulo ao respeitável público dos telejornais.

E talvez haja uma saudade (sempre ouço gente saudosa daqueles tempos) da figura tutelar do ditador, que indicaria o governador, que então ostentaria o poderoso adjetivo "biônico", com a sugestão dos poderes extra-humanos do Homem de 6 Milhões de Dólares.


Imprensa livre, com sonetos & receitas


O curioso é que brigava-se por liberdade de imprensa nem faz muito tempo; a idéia é a de que a liberdade de imprensa faria com que alguma verdade circulasse.

Durante a ditadura, as verdades inconvenientes eram substituídas por receitas de bolo ou sonetos de Camões; hoje, a imprensa é chamada "livre", porque o governo sabe que não precisa de censura: os donos do poder são também os donos da notícia, e a imprensa é meramente instrumental desse mesmo poder.

Poderiam ao menos nos dar umas boas receitas de bolo ou uns sonetos quinhentistas.


Conhecimento que não serve


Mais curioso ainda é que governo & imprensa podem contar com a opinião pública, como aconteceu em 1964 também. Há uma desconfiança de qqer espécie de conhecimento, mas, sobretudo, desconfiança de um conhecimento que não serve.

Não por ser imprestável, mas porque não é servil.


"Os livros não nos dizem nada"


Quanto à desconfiança contra o conhecimento, basta assistir ao filme que Truffaut fez a partir do livro de Ray Bradbury, Fahrenheit 451 (1966). Naquele futuro, obviamente distante ou impossível, se reprime o pensamento e as liberdades e as pessoas não lêem nem vivem, mas passam seu tempo como zumbis hipnotizados por programas estúpidos em telas enormes de TV na sala.

Na ficção os bombeiros não apagam incêndios, mas incineram os livros que os baderneiros e subversivos insistem em ler e guardar. A cena na qual esses bombeiros invadem a casa de uma senhora que escondia um gigantesca biblioteca nos dá, no discurso feito pelo capitão, o motivo do rancor contra o conhecimento.

Ele afirma: "Os livros não têm nada a dizer"; os romances são histórias sobre pessoas que jamais existiram, que tornam os leitores infelizes com as próprias vidas; a filosofia não dá uma resposta definitiva, e latim, por que alguém estuda latim, não é uma língua morta?

Todos têm de ser iguais, isto é, igualmente ignorantes de tudo, numa satisfação policiada, de ordem imposta, e sedativos de TV e remédios.


A especialidade brasileira continua


Durante a leitura em homenagem a Roberto Piva, dias atrás, tive de mencionar o fato de que vivemos uma época de conservadorismo patológico. A vitória desse governo, que há mais de 20 anos vem destruindo a Universidade de São Paulo, é apenas a parte mais aparente da escravização mental em curso.

A mim foi espantoso saber (não por qualquer veículo de imprensa, que covardemente não se menciona o assunto) que alunos eram revistados saindo da biblioteca.

Coisa do tipo, desse tipo de indignidade, era de quando o país estava sob uma ditadura. Estratégias nazi-fascistas de controle em pleno curso sob a nossa, ah-ham, "democracia".

Mas é muito sintomático que esse coup de grâce, esse golpe do governo, seja feito como é a especialidade brasileira: com uma invasão militar.

Mais espertos ainda: a coisa é proposta agora dentro da legalidade.

E você que achava que eles não aprendiam, é ou não é?


Contra a lavagem mental em curso


Contra a lavagem mental da imprensa sugiro, àqueles que querem saber o que de fato se passa, a aula pública que o professor de literatura brasileira da USP, João Adolfo Hansen, deu há alguns dias diante da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.

A aula começa nos 2:30 min. do primeiro link do youtube, e segue pelos restantes.


domingo, 20 de novembro de 2011

Como ir dormir: canção favorita em várias versões

The Kinks - Kinda Kinks (1965)


Como os leitores generosos e os anônimos machucados já perceberam, as coisas aqui funcionam só e tão-só por compulsão obsessiva. Então, hoje dedico a todos a canção dos Kinks rodando ad infinitum / in loop aqui entre as minhas quatro paredes. A propósito, não estou postando o original dos Kinks de propósito; é como um recado est-É-tico (risos) para alguns anônimos muito machos que frequentam este espaço, ainda que eu não espere que eles entendam as implicações. Afinal, macho-alfa não tem tempo a perder com essas coisas, precisa correr atrás do mamute, matar o Tiranossauro, caçar o dente-de-sabres, e tudo isso enquanto compara o tamanho da flecha com a dos companheiros. Ah, mas como é linda esta canção!


I Go To Sleep
Ray Davies

When I look up from my pillow I dream you are there with me
Though you are far away I know you'll always be near to me

I go to sleep and imagine that you're there with me
I go to sleep and imagine that you're there with me

I look around me and feel you are ever so close to me
Each tear that flows from my eye brings back memories of you to me

I go to sleep and imagine that you're there with me
I go to sleep and imagine that you're there with me

I was wrong, I will cry,
I will love you till the day I die
You were all, you alone and no one else,
You were meant for me

When morning comes again I have the loneliness you left me
Each day drags by until finally my time descends on me

I go to sleep
And imagine that you're there with me
I go to sleep
And imagine that you're there with me




The Pretenders - I go to sleep

§

I Go To Sleep ~ Cher ♫ - Muziek & Entertainment - 123video
Cher - I go to sleep

§


Marion - I go to sleep

§


Sia - I go to sleep

§


Soulwax - I go to sleep

§


Anika - I go to sleep


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sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Sete páginas do livro a cadela sem Logos (SP/RJ: Cosac Naify/7Letras, 2007)

Ricardo Domeneck, a cadela sem Logos (SP/RJ: Cosac Naify/7Letras, 2007)

§

falar hoje exige
elidir a própria
voz as transações
inventivas entre
interno e externo
demandam
que a base venha
à tona e a
superfície seja
da profundidade da
história ímpeto
denotando o
centrífugo
o corpo público
que exibo como
palco fruto
da ansiedade
do remetente
o interno ao longo
da epiderme
como emily
dickinson terminando
uma carta de minúcias
com “forgive
me the personality“


§

difícil convencer todas
as partes do meu corpo
do sentido
de uma ação e
assim pôr em
movimento as roldanas
da corpulência em
direção ao
abstrato cruzar
o oceano tantas
vezes umedece
os propósitos faz
querer uma cama
no fundo
não não
é irônico
que bas jan ader in search
of the miraculous afunde
desapareça em meio
oceano


§

inveja das cartas a que
basta dedilhar um
nome completo e sempre
conseguem a atenção
do destinatário e
enquanto ele e
ele abrem
a boca permitem
a visita ao estômago
alheio minha garganta
de mão dupla abre
a passagem mais
uma vez devo bastar
-me limito-me
a olhar sua
boca limítrofe o
álcool realmente não
auxilia a
confusão de
estômagos entre
interno e externo

§

o que é uma língua
perdida se
encontra saliva
em estranhos como se
vai de são paulo a
berlim nomear esta
relevância morta
vício de memória horror
à memória horror do
esquecimento uma foto
é irrespirável a catedral
da cidade do méxico
afundando no antigo
lago bombeie bombeie
concreto até reter as
águas é preciso
cruzar o oceano
para ousar
falar de
água


§

em minha boca ele
alcança o meio-dia
mas a intermitência o
apreende como em
qualquer música
cúmplice do acaso a
pessoa começa a
afastar-se desde que
se aproxima a distância
existe entre pele e
pele cada imagem
dobrando a esquina
não configura
sua chegada
ele
só chega quando seu
corpo chega carregado
pelas próprias pernas
e jamais falha que
eu o reconheça
de imediato
como dono de
certos lábios voz
nome e um modo
de apresentar-se
ele
chega o mundo
assume uma nova
forma: a do
equilíbrio precário do
mundo


§

usar a imagem
desgastada
no espelho diante da
superfície imunizar
as segundas
terceiras quartas
intenções armadura
de modéstia que
mina o
uso constante não
oblitera o arbitrário um
corpo livre de funções e
enviem as coerções do
reflexo
a falta de sono afia
o espelho ao desfoque
do olho ele
assegura sua atração por
mim com palavras no
fundo você
sabe não não
existe esse fundo

§

num vôo sobre o
atlântico espera-se
muita água mas
abre-se a janela
aleatoriamente
para uma ilha
vulcânica “no meio
do nada” alguém
ousaria dizer não
se tenta o acaso o
nascimento desce e as
águas espalham-se pelo
chão para merecer
um nome ele diz
que beberia as águas
do atlântico no
café-da-manhã
tanto sal impede o
nascimento o
mundo simpático não
há ironia no acaso só
na vingança da
vontade o chão
é fértil demais
para o acaso
assim ele
jorra por todos
os cantos detenham-no
vontade nome grito


Ricardo Domeneck: páginas 9 - 15 do livro a cadela sem Logos (SP/RJ: Cosac Naify/7Letras, 2007)


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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Anika


Anika - "Terry"


Conheci Anika neste verão, através de uma amiga em comum. No ano passado, Anika lançou seu álbum de estreia, intitulado simplesmente Anika (Stones Throw, 2010), produzido por Geoff Barrow do Portishead. A história oficial: Annika Henderson, britânica e alemã, estava vivendo entre Bristol e Berlim após graduar-se em jornalismo, trabalhando entre as duas cidades como jornalista na imprensa política e musical. Geoff Barrow estava à procura de uma nova vocalista para sua banda Beak> mas, após conversar com aquela que viria a se tornar simplesmente Anika, decidiu produzir a música da jovem britânica. O resultado é um álbum que vai contra a limpeza excessiva das produções recentes, soando cru e ríspido. Eu gosto bastante do álbum. Mesclando composições próprias – escritas por Anika em parceria com a banda Beak> – e versões para canções das décadas de 60 e 70, como esta "Terry" acima, ou a incrível "Yang Yang", de Yoko Ono, originalmente lançada no álbum Approximately Infinite Universe (1972).



Estou curtindo muito conviver com ela aqui no Berlimbo. Ontem ela discotecou em nossa SHADE uma maravilha de set. Quis apresentá-la aos amigos que frequentam este espaço.



Anika - "No One´s There"


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Anika - "Yang Yang"


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Anika - "I Go To Sleep"

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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Dois poemas da Carta aos anfíbios (Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2005)

Ricardo Domeneck, Carta aos anfíbios (Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2005)



O pão partido

Houvesse um telefonema,
haveria uma voz; eu
emagreço, que prazer
ajustar-se melhor
aos ossos. Levitar
até o teto; basta mover-se
na direção certa
para viver de inverno
em inverno. Meu corpo
seu estrado, o colchão
a falta, em concha
peito e costas
aconchegam-se
em útero: e a falta
redobrada.
O cordão umbilical uma
ausência explícita, que
digestão suporta
uma hóstia?
A boca abre-se à
expectativa,
saliva
produzida nas glândulas
da anunciação.
Pão partido, corpo prurido
every single time.
Mas separam-nos
o jejum e as
orações de minha mãe,
a possibilidade
de um oceano
e seu condiloma
imaginado.
É 1654 e cavalos
(oito) tentam separar
as duas metades de
uma esfera unidas
pelo vácuo; em apenas
dois por cento das caças
um urso polar
tem sucesso mas
seu pêlo é branco! e oco
para conduzir melhor o sol;
brilhar e desaparecer:
camuflagem perfeita e o único
predador a fome.
A hóstia sempre
um prelúdio,
não uma rememoração.


Ricardo Domeneck, Carta aos anfíbios (2005).


§


Separatismo

Seu olho fisga-me dentre
os outros repuxa a pele
e reabre o corte faz-me
acreditar num anzol
dedicado
à minha boca enquanto a
expectativa infecciona
sob minha língua repetindo é hoje
é hoje e eu não
queria voltar a existir
como se à entrada
de uma estação de
metrô tocando xilofone
para os transeuntes à espera
da moeda a certa a desejada você
cantarola Crush
with eyeliner
ele
caminha até o som Too drunk
to fuck
soa
no quarto poemas não
o impressionam inútil
citar aquela poetisa
polonesa de que você gosta
tanto discorrer sobre a palavra yes
nos poemas
de e.e. cummings narrar
a morte estúpida
de Ingeborg Bachmann aduzir
como ele adoraria Yehuda
Amichai ou chiar améns não ele
folheia panfletos
anarquistas mimeografados
textos de escritores
judeus cheios de sarcasmo e ri
sozinho na cama você
se olha no espelho e sabe
de antemão que não
adianta tentar
um moicano você nasceu
para usar
óculos sua visão perfeita
20/20 sempre
foi na verdade um insulto mas como
é bom ouvi-lo sobre a infância
na Berlim dividida os pais
anarquistas o erro
a reunificação (der Anschluss
como ele diz) as dificuldades
de ser possuído por pai
alemão e mãe
judia passar o sábado
todo assistindo-
o vê-lo observar o sábado pedir pelo
que é kosher sim querido começa
em alguns dias a Chanukka
quando em um cerco inimigo
ao templo o óleo
suficiente para apenas um dia queimou
durante oito a perseverança do óleo me
cai bem


Ricardo Domeneck, Carta aos anfíbios (2005).


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domingo, 13 de novembro de 2011

Das canções favoritas: "Tive sim" e "O mundo é um moinho", do Cartola


Quanto mais penso nesta canção, "Tive sim", mais ela me parece uma das canções de amor mais cruéis do cancioneiro brasileiro. Se alguém me dissesse estas palavras, eu sinceramente entraria em parafuso de paranóia do medo da perda. Pense bem, dizer a quem você ama agora que já amou outrem, e com esta pessoa também foi feliz e nutriu sonhos, como se quisesse dizer: este também pode ser o seu fim, meu amor. Cartola era de uma lucidez incrível, mas há também uma certa acidez em suas canções. "O mundo é um moinho" é outra de suas bolhas latejantes de lucidez ácida. Posto abaixo as duas, duas de minhas coisas favoritas neste mundo.




Tive sim
Angenor de Oliveira, o Cartola

Tive sim
Outro grande amor antes do teu
Tive, sim
O que ela sonhava eram os meus sonhos e assim
Íamos vivendo em paz
Nosso lar, em nosso lar sempre houve alegria
E eu vivia tão contente
Como contente ao teu lado estou
Tive sim
Mas comparar com o teu amor seria o fim
Eu vou calar
Pois não pretendo, amor, te magoar


§





O mundo é um moinho
Angenor de Oliveira, o Cartola

Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem, amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões a pó

Preste atenção, querida
Em cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés




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sábado, 12 de novembro de 2011

Obrigado e uma canção

Agradeço a todos que estiveram ontem no Bar Sabiá em São Paulo e levaram para casa um exemplar da Modo 3 e/ou do meu Cigarros na cama, e agradeço e me desculpo junto aos que lá estiveram mas não puderam comprar um ou outro porque tudo havia sido vendido. Edições esgotadíssimas! Imprimiremos mais nos próximos meses, e terei exemplares comigo quando fizer leituras em São Paulo e no Rio de Janeiro, assim que chegar ao Brasil em dois meses.

Quero ainda fazer um agradecimento especial e declaração de amor pública a meus companheiros Angélica Freitas, Fabiano Calixto e Marília Garcia por me permitirem fazer parte da aventura.

Deixo vocês com uma canção maravilhosa de Atlas Sound, o projeto solo de Bradford James Cox, o vocalista da banda Deerhunter.



Atlas Sound - "Te amo", do álbum Parallax (2011)


Te amo
Bradford James Cox

Te amo
Pretend you know the way I love
And we will go to sleep
And we’ll have the century.
You can come around when you’re down,
You’re
always down!
When you’re down you’re always down!

Te amo
I’ll pretend you are the only one
And we will go to sleep and we’ll have such strange dreams!
You can come around when you’re down
You’re always down!




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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nesta sexta-feira, 11/11/11, lançamento em São Paulo da "Modo de Usar & Co. 3" e do meu livro "Cigarros na cama"


O terceiro número impresso da nossa Modo de Usar & Co. e o meu livro Cigarros na cama serão lançados em São Paulo nesta sexta-feira, dia 11 de novembro, no Bar Sabiá: R. Purpurina, 370, Vila Madalena. Tudo começa por volta das 18:00. O lançamento contará com a presença dos editores Angélica Freitas e Fabiano Calixto.


Este número impresso da Modo de Usar & Co. traz textos de:

Angélica Freitas
Cecília Pavón
Charles Pennequin
Charles Reznikoff
Christian Prigent
Dirceu Villa
Emmanuel Hocquard
Érica Zíngano
Érico Nogueira
Fabiana Faleiros
Fabiano Calixto
Fabrício Corsaletti
Gertrude Stein
Helmut Heissenbüttel
Inês Cardoso
John Ashbery
Júlia Hansen
Kenneth Koch
Leandro Rafael Perez
Leonardo Gandolfi
Liv Nicolsky
Marcelo Sahea
Marco Catalão
Marília Garcia
Mario Sagayama
Nathalie Quintane
Paula Glenadel
Renan Nuernberger
Reuben da Cunha Rocha
Ricardo Domeneck
Roberto Bolaño
Rodolfo Caesar
Rodrigo Álvarez
Rodrigo Damasceno
Rosmarie Waldrop
Rui Camargo
Tiago Pinheiro
Vicente Huidobro
Victor Heringer
Violeta Parra
Walter Gam



Bar Sabiá: R. Purpurina, 370, Vila Madalena.
Tel. 6850-2805, a partir das 18h,
11/11/11


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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Hoje à noite, concerto do Heatsick e DJ set de Mo Probs em nossa SHADE



Hoje à noite, Steven Warwick, músico britânico residente em Berlim e mais conhecido como Heatsick, faz uma apresentação em nosso evento semanal SHADE. Heatsick acaba de lançar seu álbum de estreia pelo selo PAN Records, intitulado Intersex (PAN Records, 2011), angariando elogios rasgados pela imprensa alternativa alemã. Sua música está marcada por uma paleta variada de influências e referências, da musique concrète à Chicago house. A noite contará ainda com um DJ set de Mo Probs. Assista abaixo ao vídeo da faixa "Ice Cream on Concrete", dirigido pelo brasileiro Dácio Pinheiro.



Heatsick - "Ice Cream on Concrete", do álbum Intersex (PAN Records, 2011),
vídeo de Dácio Pinheiro.


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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Minha primeira jornada no Europália

La poésie brésilienne aujourd´hui (Liège: le Cormier, 2011)


Pretendia escrever sobre cada uma das noites em que estive e me apresentei aqui na Bélgica, mas foi tudo um verdadeiro turbilhão. Tampouco poderei agora escrever largamente sobre esta minha primeira passagem pelo Europália, em que fiz três apresentações: duas de minhas performances vídeo-textuais em Antuérpia, e uma leitura dos meus poemas em Bruxelas (onde estou neste momento), ao lado de Paula Glenadel e do tradutor para o francês, Patrick Quillier, como lançamento da antologia La poésie brésilienne aujourd´dui (Liège: Le Cormier, 2011). Os tradutores para o holandês, Bart Vonck e Harrie Lemmens, estavam também presentes, mas infelizmente a antologia em holandês, a mais longa, trazendo 25 poetas brasileiros, ficará pronta apenas em uma semana. A antologia francófona traz 15 poetas, todos traduzidos por Patrick Quillier, que é nada mais nada menos que o tradutor francês de Fernando Pessoa e Herberto Helder, entre outros portugueses. Os poetas incluídos são, em ordem alfabética:


Ricardo Aleixo
Francisco Alvim
Arnaldo Antunes
Carlito Azevedo
Paulo Henriques Britto
Augusto de Campos
Ricardo Domeneck
Marília Garcia
Paula Glenadel
Júlio Castañon Guimarães
Lu Menezes
Nuno Ramos
Cláudia Roquette-Pinto
Alice Ruiz
Zuca Sardan
Marcos Siscar


A edição é muito elegante, à moda antiga, páginas unidas à espera de uma faca.

Em Antuérpia, cheguei na quinta-feira, junto com Lourenço Mutarelli vindo de São Paulo, e foi um prazer enorme conhecê-lo. Outros encontros especiais ocorreram ali: pude conhecer meu grande herói Tom Zé, que se apresentou na noite de sexta-feira; conheci o maravilhoso cavalheiro que é Zuca Sardan, com quem me correspondia há muito tempo mas, apesar de morarmos ambos na Alemanha, ainda não havíamos tido a chance de nos conhecer pessoalmente; tive conversas ótimas com Paula Glenadel; tive ainda o prazer de conhecer o antropólogo, cientista político e escritor Luiz Eduardo Soares, autor de Elite da Tropa (2006), que daria origem ao filme – com o qual confesso ter muitos problemas –, mas sua intervenção no debate durante o Europalia me pareceu uma das falas mais lúcidas que ouvi da boca de um brasileiro há muito, muito tempo.

Na sexta-feira, apesar de uns probleminhas técnicos, fiz uma apresentação para uma sala cheia de gente jovem e receptiva, mostrando as peças "This is the voice/Esta é a voz", "Mula", "Eustachian Tube in Staccato" e terminando com "Six songs of causality". No sábado, com os problemas técnicos resolvidos, fiz minha segunda apresentação para uma sala lotada, desta vez trocando a peça "This is the voice" por minha colagem-apropriação de Góngora, as "Entrañas de las Soledades".

Uma vez em Bruxelas, pude rever minha eterna crush e queda abismática, Jey (que menciono no meu poema "O acordeonista da Catedral de Bruxelas", que aliás está se provando meu hit nesta viagem e na antologia), com quem passei horas lindas e que revigoraram minha alma em frangalhos.

Ontem aconteceu a leitura na livraria Passa Porta, com uma moderadora boa e uma conversa ótima com os tradutores. Depois, ocorreu a homenagem a Augusto de Campos em uma das lindas salas do Hôtel de Ville de Bruxelas, em que Augusto e seu filho Cid Campos apresentaram o concerto "Poesia É Risco", com participações especiais de Antonio Cicero, Arnaldo Antunes e Adriana Calcanhotto. Fiquei particularmente emocionado com a performance de Augusto e Adriana da canção "Canso do'ill mot son plan e prim", em provençal e português, com a melodia original do próprio Arnaut Daniel. Vocês sabem como me sinto em relação à poesia medieval.

Conheci ainda pela primeira vez a crítica e curadora da parte literária do Europália, Flora Süssekind. Somente seu trabalho de recuperação do grande poeta que foi Sapateiro Silva já bastaria para colocá-la entre os críticos que têm o meu respeito hoje no Brasil, mas ela é ainda uma das poucas a articular com inteligência a crítica formal a uma meditação sobre a historicidade do fazer poético, seja ele o dos poetas mortos ou o dos vivos.

Volto hoje a Berlim. Retorno à Bélgica no final do mês, para minha segunda jornada no Europália.

O turbilhão segue.

A propósito: estarei no Brasil entre o fim de dezembro e o fim de janeiro. Quero rever a família, os amigos e espero poder fazer muitas leituras e performances.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Hoje à noite, nosso evento semanal SHADE reabre em novo clube, com dois concertos


Uma verdadeira maratona começa hoje, sobre a qual só poderei escrever com calma em um par de dias. Parto amanhã para minhas primeiras apresentações no Festival Europália, em Antuérpia e Bruxelas, mas antes disso reinauguro com meus companheiros de coletivo nosso evento semanal SHADE, no clube Flamingo. Concertos da brasileira (que cresceu na Alemanha) Dillon e da banda Go Chic, de Taiwan, que acaba de ser produzida por Peaches. Mais: DJ set do meu amigo Marius Funk e também meu. Escrevo com calma da Bélgica. Abaixo, um vídeo com a brasileira/alemã Dillon:




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